Em protesto na Rodoviária do Plano Piloto, enfermeiros, técnicos e auxiliares ameaçam greve geral caso piso salarial não seja concedido à categoria. A manifestação desta segunda-feira (05/09) ficou marcada pela reivindicação de melhorias às condições de trabalho dos enfermeiros e ao estabelecimento do piso na remuneração.
O ato contou, também, com a presença de Izalci Lucas, candidato ao Governo do Distrito Federal pelo PSDB, e Sofia Manzano, candidata à presidência da república pelo PCB.
![](https://agenciadenoticias.uniceub.br/wp-content/uploads/2022/09/IMG_6388-e1662426830824.jpg)
O ato
A enfermeira Karine Afonseca, do Hospital de Sobradinho e diretora da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), disse que a luta é para convencer a sociedade brasileira e a classe política de que o piso salarial tem condições financeiras de se efetivar. A enfermeira garante que, em relatório, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) informa que o impacto econômico do piso salarial da enfermagem é de apenas 3%.
“Gostaria de colocar o Apoio da Associação Brasileira e do Sindicato dos enfermeiros nessa luta. Nós não arredamos o pé das ruas; e, se for preciso, nós vamos parar sim, nacionalmente, porque sem a enfermagem a saúde não existe”, afirma a enfermeira em apoio aos demais protestos que tomarão forma ao longo da semana.
Em sequência, Sofia Manzano (PCB), declarou solidariedade e apoio à categoria da enfermagem e a todos os servidores da saúde no Brasil. “É uma afronta, um descaro, a liminar do Barroso com relação a lei aprovada. É um desrespeito à luta da categoria da enfermagem o ministro do Supremo Tribunal federal sucumbir aos interesses da inciativa privada. Saúde não é mercadoria”, disse a candidata à presidência.
Convocadas pelo Fórum Nacional de Enfermagem, as manifestações pelo piso salarial aconteceram em vários estados, e devem continuar ao longo da semana. O Fórum pediu, com urgência, uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para conversar sobre o texto.
A realidade
Em entrevista concedida, Alicia rodrigues, estudante do curso de técnico em enfermagem, afirma ser desanimador e frustrante o descaso com a categoria. “Entrei no curso com o intuito de salvar vidas, foi o que fez eu me apaixonar pela área. Mas todo um sonho se torna desanimador por falta de reconhecimento profissional”.
“Como estudante, me vejo futuramente no emprego dos sonhos. Porém sem incentivo nenhum do governo, que acredito ser essencial, inclusive, para atrair a atenção de mais estudantes para a nossa área”, é a preocupação da futura técnica com relação a aprovação do piso salarial.
GDF
O senador e atual candidato ao Governo do Distrito Federal, Izalci Lucas (PSDB), afirmou, em entrevista, ser um apoiador do projeto. “Eu tinha apresentado uma emenda justamente para não acontecer o que aconteceu. Mas votei a favor. Vamos ter que aprovar, o mais rápido possível, para tornar o projeto viável, a desoneração da folha e aumentar no orçamento o recurso das Santas Casas”, relembrou seu voto em favor da lei no Senado.
“O apelo é muito grande, né. Então tenho certeza de que tentaremos resolver o mais rápido possível”, disse o candidato, que também discursou para os enfermeiros presentes no protesto.
![](https://agenciadenoticias.uniceub.br/wp-content/uploads/2022/09/IMG_6368.jpg)
O piso salarial da enfermagem
No domingo (4/09), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, suspendeu a lei que tornou obrigatório o piso salarial da enfermagem. A lei está em suspensão por 60 dias, prazo dado para que os estados, municípios e federação informem as consequências financeiras da aprovação do texto.
O projeto aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Executivo garantia uma remuneração mínima inicial de R$ 4.750 para os enfermeiros, com proporcionalidade equivalente a 70% para técnicos e 50% para auxiliares, aplicada aos serviços públicos e particulares da saúde.
Por Ana Beatriz Martins (texto e fotos)
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira