Nova ferramenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de combate a fake news promete auxiliar eleitores antes das eleições.
A nova ferramenta, feita em parceria com o WhatsApp e as empresas Meedan e Infobip, é pioneira no cenário mundial e permite que usuários busquem notícias que são verificadas por grupo de agências de checagem parceiras da Justiça Eleitoral.
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Parta o cientista político André César, trata-se de uma batalha da tecnologia mesmo. “Imagino que, em 2026, na próxima eleição, os órgãos responsáveis vão desenvolver novas ferramentas ainda mais sofisticadas para combater mas ao mesmo tempo se espera desse mundo digital outros instrumentos para dificultar essas ações. Me parece uma guerra mesmo que veio pra ficar e o mundo democrático tem que conviver com esse fato”, diz.
Para utilização da ferramenta, o TSE anunciou ter feito acordos diversos com empresas como Google, Facebook, WhatsApp, YouTube, Twitter, Tik Tok e outras plataformas de redes sociais que poderiam ser usadas para divulgação de desinformações.
Como utilizar a ferramenta
Por meio de parceria com o WhatsApp, o assistente virtual do TSE promete uso fácil e gratuito para abranger todos que necessitem. A plataforma permite acesso rápido a aba conhecida como ¨Fato ou Boato ̈ com informações já checadas ou então na área ¨Fazer uma Consulta¨ onde um bot de inteligência artificial pode checar links enviados para correção.
¨Essa é mais uma novidade que implementamos para permitir que qualquer pessoa tenha condição de pesquisar de forma rápida e fácil se a informação que recebeu é verdade ou não. Antes de compartilhar, mande para o Bot do TSE e verifique. Enfrentar a desinformação é tarefa de todo mundo”, ressalta Giselly Siqueira, secretária de comunicação e multimídia do TSE.
Alerta de especialista
O cientista político André César acredita que em 2018, quando as fake news surgiram de maneira massiva para ele, o TSE não tinha instrumentos condizentes para responder a esse fenômeno e que hoje se aprendeu um pouco, mas ainda se encontram brechas no âmbito das fake news para se atuar.
André cita como exemplo vídeos adulterados onde mostram o Jornal Nacional anunciando o Bolsonaro na frente em pesquisas importantes como o IPEC e ele acredita que isso mostra que ainda há buracos importantes que podem de alguma maneira induzir o eleitor a ter informações equivocadas e causar distorções no processo. Apesar do alerta, ele acredita que hoje se tem uma situação menos agressiva do que a que se via há quatro anos atrás.
Quando perguntado sobre a possibilidade da ferramenta do TSE de impedir as fake news de afetarem as eleições deste ano, André diz que impedir é uma palavra muito forte, mas que é possível conter danos. O cientista político compara o combate à desinformação com uma batalha tecnológica onde os dois lados evoluem de maneira paralela.
O perigo das fake news
Em um período de eleições marcado por uma grande polarização entre os principais candidatos, ressurge o perigo das fake news que se provou relevante em 2018. Com informações falsas sendo espalhadas pela Internet com pouca fiscalização, muitos são afetados e acabam tendo suas opiniões induzidas a acreditar em tudo que se é mandado nos grupos de WhatsApp.
O tema da manipulação de informações visando resultados em eleições governamentais tornou o termo ¨fake news¨ conhecido mundialmente com as eleições norte-americanas de 2016 entre Donald Trump e Hillary Clinton. O transtorno acabou migrando para o Brasil dois anos depois e muitos consideram que possa ter sido peça chave na vitória do atual presidente Jair Bolsonaro.
De desinformações mais fundadas na realidade, como urnas que te proibiram de votar no então candidato do PSL, ateh situações mais fantasiosas como as mamadeiras em formato de órgãos genitais que apoiadores de Bolsonaro diriam que seriam distribuídas a crianças no governo PT, as notícias inventadas na internet mudaram fundamentalmente o rumo da votação.
Combate das plataformas
De acordo com pesquisa feita em 2020 pelo Instituto Reuters, o Facebook e o WhatsApp são as redes sociais que mais contribuem com a difusão de informações falsas na web. Plataformas como o YouTube e o Twitter também tiveram participação significativa.
Criador do Facebook, Mark Zuckerberg já se expressou contra as fake news e inclusive citou exemplo de conteúdo compartilhado por Bolsonaro. O norte-americano garante que a plataforma se esforça para combater o problema e já apagou diversos posts mentirosos, mas admite que sua equipe não estava preparada para lidar com o problema nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos. Na época, essa falta de preparo gerou muitas críticas de pessoas que afirmavam que a falta de combate acabou impulsionando a vitória de Trump.
Já o WhatsApp, maior culpado em terras brasileiras, fornece dentro da própria plataforma uma aba da Central de Ajuda onde orienta as pessoas a chegarem informações que sejam marcadas pelo aplicativo como ¨encaminhada muitas vezes¨, mas uma ferramenta como a do TSE se mostra um grande avanço.
Por Henrique Sucena