Distribuir seringas para drogas injetáveis, piteira para maconha, cachimbos para crack e canos de PVC para cocaína são atividades que causam muita polêmica até mesmo entre os profissionais de saúde. Os encarregados da política de redução de danos do Distrito Federal defendem a assistência de se dá aos viciados em drogas.
Os servidores vão a lugares conhecidos por concentrarem pessoas em situação de vulnerabilidade como setor comercial e galerias subterrâneas. Para o chefe do núcleo da gerência de DST da Secretaria de Saúde, Marcelo de Farias Franco, a política gera confusão entre os próprios profissionais de saúde. “Dentro da secretaria, tem muita gente que acha que o nosso serviço é apologia ao uso. Todo o material nosso é uma forma de prevenção ao uso da droga”, conta. A redução de danos tem como foco prevenir a população de usuários de droga a ter algum outro agravo na saúde , como DST’s, tuberculose, hepatite e até mesmo gripe.
A intenção é que os kits com materiais distribuídos sejam de uso pessoal e intransferível, evitando o risco de contaminação de doenças. “Você não precisa parar de usar, mas não precisa se contaminar com alguma doença”, diz Marcelo. De acordo com o chefe do núcleo de DST, as pesquisas indicam que mais de 70% dos usuários de drogas não conseguem parar de fazer o uso. “Quando a gente distribui esse material, a gente está pensando nesses que tentam parar e não conseguem”, completa.
Mas o projeto ainda conta com algumas dificuldades. A contratação de redutores de danos é o problema que mais preocupa. Eles fazem um trabalho de conscientização, conversando com a população em estado de vulnerabilidade, e então, fazem a distribuição. Também explicam de outros serviços, caso a pessoa queira parar de fazer o uso. Mas há também o problema de resistência. “O mais complicado é onde tem a população com o maior conhecimento, porque eles tem mais dificuldades em receber o que a gente tem pra dar”, conta Marcelo.
Os usuários podem encontrar os kits com os parceiros do projeto ou os redutores vão à campo fazer a distribuição. Ainda para Marcelo, o Setor Comercial Sul, Ceilândia e Taguatinga são os locais onde tem mais usuários de drogas que usufruem desse projeto. Com alto índice de infectados de HIV no grupo, foram os próprios usuários de drogas injetáveis que procuraram pela questão da saúde das secretarias. Hoje, a procura virou política pública. O projeto engloba todos os vulneráveis, como profissionais do sexo, população que trabalha com reciclagem, mulheres grávidas, crianças, os que fazem uso recreativo de drogas, e também aqueles que consomem tabaco ou álcool.
Por Deborah Fortuna