A pesquisadora Jurema Werneck divulgou nesta semana, em Brasília, os resultados de sua pesquisa sobre como mulheres negras são estereotipadas e subvalorizadas na historiografia do samba. Ela, que é comunicóloga e co-fundadora da organização não governamental Crioula, esteve no Museu Nacional da República, para divulgar o livro “O samba segundo as Ialodê: mulheres negras e cultura midiática”, publicado em 2020.

Sobre o livro
O livro é uma adaptação da tese de doutorado da autora, que buscou compreender diferentes aspectos da participação das mulheres negras na música popular e no samba.

Durante a palestra, ela analisou capas de álbuns e letras de mulheres negras do samba, como Leci Brandão, Alcione e Jovelina Pérola Negra. Ela entende que essas artistas foram responsáveis pela luta contra o preconceito e pela valorização dos seus trabalhos
A pesquisadora disse que também no funk mulheres são diminuídas. “Essas disputas não se extinguem (em nenhum momento)”,disse a escritora.
“Macacas de auditório”
Jurema Werneck explicou quem eram as “macacas de auditório”, nome dado por Nestor de Holanda, compositor e diretor musical, sobre mulheres que expressavam seu apreço por um ídolo de forma intensa.
Enquanto, o diretor musical dizia ser “Manifestação de seres inferiores”. “Elas estavam definindo o que era a música popular brasileira”, disse a comunicóloga.
Diálogos contemporâneos
A palestra fez parte do projeto Diálogos Contemporâneos. Todas as palestras têm entrada franca e ocorrem às 19h, no Museu Nacional da República. Confira a programação e o tema de cada palestrante ao final da matéria.
Programação
3/10 – Jorge Caldeira
Tema: A história da riqueza no Brasil.
17/10 – Zélia Duncan
Tema: A afetividade na tradição musical e na literatura brasileira.
18/10 – Marcelo Rubens Paiva
Tema: Memória e literatura.
24/10 – Itamar Vieira Júnior
Tema: O povo negro e a formação da identidade brasileira.
25/10 – Heloísa Starling
Tema: Brasil: a outra independência.
Por Maria Clara Britto (texto e fotos)
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira