Tensão e terror: nova série da Netflix retrata a história de Jeffrey Dahmer

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“Dahmer: Um canibal americano” conta a trajetória de um dos assassinos mais violentos já capturado

Reprodução: Netflix

“Dahmer: Um canibal americano” aborda a história de Jeffrey Dahmer (Evan Peters), um dos serial killers mais conhecidos dos Estados Unidos.

Em um intervalo de 13 anos, Dahmer tirou a vida de 17 homens e meninos, chegando a comer os órgãos de algumas dessas vítimas. A produção retrata toda a trajetória do assassino em série, com um ritmo de vai e vem temporal. A história vai da infância à vida adulta do protagonista, com um retrato completo da mente por trás desses crimes hediondos.

Confira o trailer da série:

A série

Produzida por Ryan Murphy (American Horror Story), “Dahmer” conta com 10 episódios. Em um certo ponto, a produção parece ser dividida em dois momentos, gerando um efeito de causa e consequência.

O primeiro está focado na vida do protagonista, com todos os clichês das histórias de crimes americanos, situação familiar instável, infância conturbada, entre outros.

Vale ressaltar que esse padrão utilizado na retratação da trajetória do assassino não chega a ser considerado um elemento repetitivo do gênero, afinal essa é a história de Jeffrey Dahmer, muito similar a de outros serial killers.

Reprodução: Netflix

Já o segundo momento direciona seu foco para as vítimas e suas famílias, além de dar mais visibilidade a história de Glenda (Niecy Nash), vizinha de Jeff. Se por um lado os episódios iniciais causam extrema tensão ao explorar a mente de um abusador e canibal, é no final da produção que vemos os momentos de maior emoção.

Elementos técnicos

A série entrega uma estrutura formada por cores sólidas. Evan Peters traz, cuidadosamente, uma representação forte em um papel que lhe exige o minimalismo.

Sendo um rosto já conhecido nas produções de Murphy, Peters tem um desempenho impressionante que beira ao desconforto pela semelhança com o assassino. Com o olhar focado e o tom de voz suave e baixo, ele faz jus à maneira como Jeffrey via suas vítimas.

Reprodução: Netflix

Os trabalhos de Murphy são conhecidos por retratar o verdadeiro mal, sem possibilidade de defesa, o que parece não ser o caso de sua parceria com a Netflix.

A narrativa possui uma tensão constante, moldada em cima de um terror psicológico quase natural, considerando que trata-se de uma história real, porém é essa abordagem que acaba abrindo espaço para omitir parte da crueldade de Dahmer.

Uma boa parte dos atos de violência do serial killer, como os ataques e atos de canibalismo, acabam sendo omitidos e transformados em experiências sensoriais, algo que “Hannibal” abordava com maestria, enquanto ficção.

Olhar das vítimas

Uma das principais características das obras de crime de Ryan Murphy é a forma como ele traz as montagens pelo olhar da vítima, o que só se desenvolve em “Dahmer” no meio da produção.

O primeiro contato direto do público com a história das vítimas ocorre no sexto episódio. Ele aborda a história de Tony (Rodney Buford), um jovem com deficiência auditiva que acabou se tornando a décima segunda vítima do assassino em série.

Em diversos momentos, a série retrata o ponto de vista de Tony, em cenas sem som, que contam sua história até o início de seu relacionamento com Jeff.

A partir desse momento, a obra inicia seu arco mais emocionante ao entrar no olhar dos familiares das vítimas e da vizinha de Dahmer, Glenda.

A atuação de Nash entrega uma personagem que vive constantemente aterrorizada com os gritos e odores que vinham do apartamento do protagonista, sendo constantemente ignorada pela polícia ao tentar pedir ajuda.

Reprodução: Netflix

É nesse ponto que a série mostra como Jeffrey não se enquadra na categoria de assassino meticuloso que não causa desconfiança.

O roteiro reforça como ele escapou diversas vezes das suspeitas da polícia por ser loiro e branco, enquanto suas vítimas eram em sua maioria negras e orientais. Uma reflexão é que Dahmer tiraria vidas que eram “insignificantes” aos olhos da sociedade.

Críticas reais

Apesar do sucesso da obra e da boa recepção, as famílias das vítimas se manifestaram descontentes com a produção, algo que pode ser considerado recorrente em obras inspiradas em crimes reais.

Eric Perry, primo de uma das vítimas, Errol Lindsey, se manifestou no Twitter a respeito da série: “Eu não estou dizendo a ninguém o que assistir, eu sei que a mídia de crimes reais é enorme agora, mas se você está realmente curioso sobre as vítimas, minha família (os Isbell) está furiosa com essa série.

Está retraumatizando de novo e de novo, e para quê? De quantos filmes/séries/documentários precisamos?”.

Eric ressalta como tem sido particularmente difícil para Rita Isbell, irmã e Errol, cujo testemunho no julgamento de Dahmer foi fielmente retratado na série e vem sendo muito comentado nas redes sociais. “Recriar minha prima tendo um colapso emocional no tribunal diante do homem que torturou e assassinou seu irmão é SELVAGEM.”

Reprodução: Netflix

Obra delicada

“Dahmer: Um canibal americano”, possui uma abordagem mais centrada em seu personagem título do que outras obras de Murphy, como “O assassinato de Gianni Versace: American Crime Story” (2018), por exemplo.

Contudo, devemos considerar como a série explora a mente do serial killer, abordando temas sensíveis, que causam revolta, tensão e desconforto. Trata-se de uma obra densa que exige força e estômago para ser assistida, contando uma mesma história de uma maneira jamais vista anteriormente.

Por Maria Paula Meira

Ficha técnica

Título original: Monster: The Jeffrey Dahmer Story

Gênero: Drama, suspense, biografia

Criadores: Ryan Murphy e Ian Brennan

Elenco: Evan Peters, Richard Jenkins, Penelope Ann Miller, Niecy Nash

Trailer e fotos: Netflix/Divulgação

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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