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Quando se fala em gênero, os números de candidatos e candidatas eleitos no Brasil não sofreu grande mudança e continua a preocupar. Nesta eleição, apenas uma mulher foi vitoriosa no primeiro turno. Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, conseguiu a reeleição pelo estado nordestino, repetindo o resultado das votações de 2018. Para o “segundo round” em Pernambuco, sem dúvida, uma representante feminina será eleita: Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB) disputam o cargo do executivo estadual.
Diferentemente das últimas eleições, dessa vez, duas mulheres comandarão dois estados pelos próximos quatro anos, um índice ainda muito baixo, levando em consideração todos os outros 24 estados e o Distrito Federal que são comandados por homens. A cientista política Joyce Martins ainda não enxerga com bons olhos esse pequeno aumento no número de mulheres no comando dos estados. “É tão pouco que eu não me atrevo a dizer que produziria mudança significativa. Eu pensaria mais no impacto de longo prazo do que no impacto agora, porque realmente é um número ainda muito pequeno”, pontua.
Professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e coordenadora do Observatório Abrapel (Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais), ela afirma que uma das maiores dificuldades que as mulheres enfrentam para conseguir apoio e recursos no meio político, é a ausência da visibilidade da mulher como um sujeito de direito. “Não somos vistas como alguém para ocupar esse espaço. A questão do recurso tudo tem a ver com isso. A mulher tem menos chance de ganhar porque ela não é vista para ser do espaço da política e ninguém vai investir em uma campanha que tem menos possibilidade de ganhar”..
Em toda a história do Brasil, apenas oito mulheres já foram eleitas como governadoras em somente seis estados. O primeiro registro foi em 1994, quando Roseana Sarney conseguiu a maioria dos votos para comandar o Maranhão. Pará, Roraima, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul também já elegeram mulheres para o posto máximo do executivo estadual. Diante deste cenário, Martins destaca a importância de se eleger mais mulheres pra este e outros cargos políticos.
“Tudo isso vem no sentido da importância de colocar diversidade na política. Ela não pode continuar a ser feita só para um grupo restrito”, afirma. “Isso diz respeito a uma política mais plural, que pensa na sociedade como um todo. A política é desigual porque as pessoas que estão lá são iguais”, conclui ela.
Texto de Maria Regina Mouta
Supervisão de Vivaldo de Sousa