A nova comédia romântica “Mais que Amigos”, produzida por Judd Apatow e estrelada por Billy Eichner e Luke MacFarlane, chega aos cinemas brasileiros com a proposta de trazer um toque diferente ao modelo tradicional das comédias românticas ao abordar um casal homossexual como protagonista da história.
Dirigido por Eichner e Nicholas Stoller, o filme da Universal Pictures se apresenta como a primeira comédia romântica de um grande estúdio sobre dois homens gays em um gênero dominado pelos casais heterossexuais.
Clichês tradicionais
O filme segue a estrutura já conhecida de outros do gênero, com dois protagonistas que não tem interesse em procurar um relacionamento e acabam se apaixonando pelo caminho.
Com dois atores abertamente homossexuais, o roteiro se esforça para trazer essa história entre os personagens Bobby e Aaron para o modelo tradicional das comédias românticas inspirados principalmente nos do canal Hallmark, referenciado no filme com os filmes da marca “Hallheart” ao que Bobby assiste.
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O personagem Bobby (Billy Eichner) é o curador de um novo museu sobre a história das pessoas LGBTQ+ e dono de um podcast sobre o assunto. Aaron (Luke MacFarlane) por outro lado é um advogado de uma cidade pequena e de estilo mais conservador. Ocupados em seus empregos e desiludidos com outros homens gays em baladas ou aplicativos, nenhum dos dois está muito preocupado em começar um romance.
A história de duas pessoas completamente diferentes se apaixonando ou duas pessoas que não procuram um relacionamento começarem a namorar não é novidade, mas o filme usa a temática LGBTQ+ para subverter clichês tradicionais e dar um toque refrescante no longa.
Por conter algumas cenas mais picantes entre os protagonistas e algumas de suas outras conquistas sexuais, o filme talvez não seja o mais indicado para menores de idade. Apesar disso, Eichner escreve um discurso contrário para seu personagem. Em forte monólogo para a mãe de Aaron, Bobby diz que deveria ser normalizado que crianças escutem sobre sexualidade desde cedo para evitar frustração e ódio a si mesmo durante sua adolescência.
Além dessa, o filme apresenta diversos comentários sobre a vida LGBT e os desafios passados, incluindo com outras sexualidades. Com diversas personalidades LGBTQ+ no elenco como Monica Raymund, Dot-Marie Jones, Bowen Yang, Jim Rash e Harvey Fierstein, o enredo faz questão de ter seus personagens relatando o sofrimento que pessoas gays, lésbicas, bi e trans sofreram ao longo da história em uma cena onde o grupo tenta decidir atrações para o museu.
Apesar do bom recebimento do filme em sites como Rotten Tomatoes e Metacritic, o filme foi mal recebido nas bilheterias americanas. Com produção em torno de 22 milhões de dólares, o filme arrecadou pouco mais de 5 milhões em seu fim de semana de estreia no país.
Roteirista e estrela do projeto, Eichner atribui esse fracasso ao preconceito dos telespectadores. Em seu Twitter o ator reclama da falta de interesse do público heterossexual em partes dos Estados Unidos e reitera que as ótimas notas que o filme recebendo e os elogios de grandes nomes da indústria dizem mais sobre o projeto do que os números de bilheteria.
Temática
O filme cumpre com seu objetivo principal, descrito em trailers e entrevistas dos envolvidos no projeto, de mostrar que uma história de amor gay não tem tantas diferenças de um romance tradicional. Os clichês são bem utilizados e quando subvertidos adicionam um toque extra de graça ao filme.
O humor nem sempre é perfeito, principalmente em personagens secundários, mas o talento humorístico de Eichner e a experiência de MacFarlane em filmes do gênero justificam as excelentes críticas recebidas até o momento. A história do romance entre os dois personagens é bem escrita e a química entre os dois atores em cena faz do filme uma excelente adição às tradicionais rom-coms.
Ficha Técnica:
Elenco: Billy Eichner, Luke MacFarlane;
Roteiro: Billy Eichner e Nicholas Stoller;
Direção: Nicholas Stoller;
Gênero: Comédia Romântica;
Classificação indicativa: 16 anos;
Duração: 1h 55min;
Origem: Estados Unidos da América;
Distribuição: Universal Studios.
Por Henrique Sucena*
* Assistiu à pré-estreia do filme a convite da Espaço/Z
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira