“É preciso ter empatia para ouvir quem está contra a mídia profissional”, diz jornalista investigativo

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O jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, entende que os profissionais da notícia vivem em uma dificuldade de contrapor informação a paixões cegas da sociedade, como é o caso das manifestações antidemocráticas em todo o país.

Ele diz que jornalistas devem ter empatia ao ouvirmos as pessoas que estão contra a mídia.  “Eu acho que deveria ter uma fórmula para nós chegarmos nessas pessoas e além disso acredito que elas deveriam se sentir acolhidas, essas pessoas tem que se sentir ouvidas”. 

“Essa é a realidade paralela que está sendo escancarada para gente do resultado eleitoral. Não é uma realidade que a gente consegue contrapor com a lógica. É uma realidade de uma paixão cega”, afirma o jornalista.

Segundo ele, pode haver uma parte expressiva da população que vive em realidade paralela. São pessoas que teriam deixado de consumir qualquer tipo de mídia que questionasse suas crenças.

“Se vocês procurarem no twitter, da família Bolsonaro, vocês vão ver orientações explícitas que eles escreviam, não leiam Folha de S. Paulo, não leiam, não assistam à TV Globo, não consumam esse tipo de conteúdo. Está escrito nos perfis deles.”

Guilherme Amado, de camisa escura, debateu a problemática da desinformação na atualidade em evento no Ceub

O jornalista disse que teve conhecimento de uma história de uma pessoa próxima que está estocando alimentos em casa, pois não quer comer cachorros após a posse do presidente eleito. 

Ele ainda compara essas pessoas com terraplanistas – pessoas que acreditam e defendem que a Terra é plana.

“A pessoa achar que, no dia 1º de janeiro, vai iniciar o comunismo no Brasil, é um pouco do terraplanismo. E não ter noção de nada, a pessoa achar que  o (ministro do STF) Alexandre Moraes ter sido preso em flagrante é um terraplanismo para mim.”

Educação midiática

Guilherme Amado defende que o dever dos jornalistas é ativar na cabeça das pessoas o questionamento de como checar uma informação falsa e ativarem os filtros para a desinformação.

“Incentivo produzir mais informação de qualidade para ter menos espaço a desinformação.”

E pelas notícias que as pessoas são informadas, é fundamental mostrar o que está acontecendo, mostrar esse grau de descolamento da realidade para as pessoas que não estão nessa situação verem o abismo que o brasileiro se encontra.

“Eu acho que, mais do que nunca, o jornalismo é  fundamental porque a gente trouxe fatos ao espaço para essa terra arrasada. A circulação de informação de qualidade que é bem apurada e escrita vai ocupar a atenção que uma fake news poderia estar tomando.”

O jornalista diz que o desafio para os comunicadores é encontrar uma fórmula de não se igualar com a desinformação. Ele critica a forma de alguns canais de entregarem uma mensagem mastigada. 

“Os canais que são mais ativistas do que jornalísticos trazem uma mensagem muita mastigada quando na verdade sabemos quando é muito mais complexa.”

Por Danyelle Silva

Fotos por Eduardo Hahon

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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