A vida começou diferente para o estudante Marcos Henrique de 19 anos. Por ter pais surdos, aprendeu a linguagem de sinais (Libras) antes mesmo de falar português. Hoje, intérprete em palestras, Marcos garante se sentir muito bem em proporcionar mais acessibilidade na comunicação para surdos.
Para ele, o espaço para pessoas com qualquer doença auditiva está crescendo muito em relação ao que era antes. “Hoje, já implementaram lei, a gente mesmo tem lei que nos defende. Antigamente, não tinha isso. A gente não tinha nenhum amparo. Hoje em dia, qualquer lugar público tem que ter um intérprete”, completa.
Intérprete há seis anos, Brenda Helen, de 21 anos, também acredita que os surdos estão participando mais da sociedade. “Eu aprendi [Libras] por causa de amigos que são surdos, então para facilitar a comunicação e estreitar os laços de amizade, resolvi aprender a língua de sinais”, conta
A lei N° 12.319 sancionada em 1° de setembro de 2010, que regula a profissão de tradutor e intérprete da língua brasileira de sinais, trouxe impactos não só para o curso de Libras, mas também para a sociedade. É isso que defende o professor de Libras Gláucio de Castro Júnior. Ele acredita que a legislação valorizou a profissão. “A língua de sinais é importante. E a lei veio justamente para afirmar o compromisso com a pessoa surda”, diz.
Além disso, para Gláucio, o aumento da procura nos cursos de Libras ocorre principalmente por parte do interesse em alunos de licenciatura e, às vezes, não é possível nem atender a grande demanda. A aproximação do professor com o estudante também é importante para encaixá-lo na sociedade. “Se o professor tiver um aluno surdo em aula, ele deve conhecer as especificidades dele e saber lidar com ele. O objetivo é que todos os professores licenciados em diversas áreas estejam preparados para o trabalho e o ensino com o aluno surdo”, afirma.
Apesar das melhorias, Gláucio ainda reclama de algumas lacunas na lei. De acordo com ele, ainda é necessário que os licenciados em libras tenham critérios definidos na carreira para que sejam valorizados. Pois, grande parte dos profissionais ligados ao curso no Brasil é formada em outra área (farmácia, veterinária…), e não especificamente em linguagem de sinais.
Por Deborah Fortuna e Luciana Rodrigues.