Pós-Ramadã: Sheikh do Centro Islâmico diz que não presencia preconceito no DF

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O Ramadã, que se iniciou neste ano no dia 22 de março e se encerrou na quinta-feira ao início da noite, é o nono mês no calendário lunar islamico, considerado sagrado para a religião.

O mês do Ramadã é importante para os muçulmanos por ser o mês em que o profeta Muhammad (Maomé) recebeu suas revelações sobre a palavra do deus Allah por meio do anjo Gabriel.

Neste mês, os fiéis que tiverem condições de saúde para isso demonstram sua devoção praticando um jejum do nascer até o pôr do sol.


Líder religioso do Centro Islâmico de Brasília, o Sheikh Muhammad Zidan nasceu no Egito e mora no Brasil há quase 40 anos, tendo conseguido nacionalidade brasileira.

Ele diz acreditar que o país trata os membros de sua religião com respeito, chegando a declarar que sente como se vivesse em um país islâmico.
“Estou aqui há 37 anos e nunca sofri algum preconceito. Me considero vivendo em um país islâmico mesmo”
O Sheikh veio para Brasília chamado pela embaixada da Arábia Saudita para trabalhar no Centro Islâmico e diz que os membros da mesquita estão sempre abertos para aqueles que tiverem dúvidas e quiserem conhecer mais sobre o Islã.

O Centro Islâmico de Brasília é um dos pontos de oração para os muçulmanos na cidade; foto por: Fernanda Ghazali


A religião no Brasil


O Islamismo chegou ao Brasil ainda no periodo do tráfico de escravos, com seguidores do Islã sendo trazidos para trabalho forçado no país. Com muitos deles tendo sua religião oprimida, o crescimento do Islã no país foi ter um aumento considerável apenas no começo do Século XX, com a imigração de sírios e libaneses durante as guerras mundiais.
Com cerca de 1 milhão de muçulmanos de acordo com a Federação das Associações Muçulmanas no Brasil, o islamismo ainda tem um numero pequeno de seguidores no país em relação as religiões cristãs. O Sheikh Muhammad diz acreditar que é difícil essa proporção crescer como vem acontecendo em países europeus, devido ao vasto número de católicos e evangélicos que constituem por volta de 80% da população brasileira.


Cinco pilares


O Islamismo possui cinco pilares obrigatorios para sustentar sua fé, com o jejum do Ramadã sendo um deles. O primeiro desses pilares é a Shahada, porta de entrada para a religião, onde o religioso demonstra seu credo em Allah como deus único proferindo a frase “Não há divindade além de Allah e Muhammad é mensageiro de Allah“ durante orações todos os dias.


O segundo pilar é o Salat, orações feitas cinco vezes ao dia de acordo com a posição do sol. O terceiro é o Zakat, que é um processo de purificação espiritual por meio da doação de 2,5% da quantia que possuir como ato de caridade uma vez ao ano para aqueles que possuírem riquezas equivalentes ou superiores a 85 g de ouro.

Mesquita fica localizada na SGAN 912, na Asa Norte; foto por: Wikimedia Commons


O quarto pilar da religião é justamente o Ramadã, o jejum que deve ser feito ao longo do dia durante o nono mês do calendário lunar. E o quinto e último pilar é o Hajj, peregrinação à Meca que deve ser feita ao menos uma vez na vida para aqueles que tiverem condições financeiras de realizá-lo.


O Sheikh Muhammad explica que existe bastante tolerância para a prática do jejum durante o ramadã para aqueles que não tiverem condições físicas de realizá-lo.
“Crianças, mulheres grávidas, mulheres amamentando, idosos ou pessoas que estão tomando remédio controlado não precisam fazer o jejum. Há muita tolerância dentro desse pilar, vai depender da situação de saúde da pessoa.”


Calendário Islâmico


Existem diversos calendários ao redor do mundo e os muçulmanos seguem o calendário hegírico, que possui doze meses de 29 ou 30 dias e se inicia com a Hégira, a fuga do profeta Muhammad de Meca para Medina no ano 622 do calendário gregoriano. O calendário islâmico atualmente se encontra no ano 1444, com seu mês de Ramadã se encerrando nesta semana.


O Sheikh Muhammad explica que o calendario do Islamismo se diferencia do gregoriano, mais utilizado ao redor do mundo, por ser um calendário lunar. O começo de cada mês é marcado pelo início da fase de lua nova.
Com a modernidade, novas ferramentas foram feitas para ajudar os muçulmanos a professar sua fé. O Sheikh conta sobre um aplicativo em seu celular chamado Muslim Pro, que dá aos fiéis a oportunidade de ter fácil acesso ao calendário e os horários em que se deve começar e encerrar o jejum em cada dia do Ramadã.

A mesquita do Centro Islâmico permite aos fiéis realizar suas orações diárias; foto por: Fernanda Ghazali

Conversão


Para se converter ao Islã é necessário primeiramente realizar a Shahada, afirmando sua fé de que Allah é o único deus. Após isso aquele que quiser se converter deve passar a seguir os pilares do islamismo. O Sheikh Muhammad explica que as tradições são as mesmas para aqueles que nasceram dentro da religião e aqueles que se converteram e que eles orientam os recém-convertidos sobre o que se deve fazer.


O Sheikh conta ainda que existem diversos muçulmanos convertidos não só na mesquita do Centro Islâmico mas também ao redor do Distrito Federal como em Taguatinga e Samambaia e em outros estados como São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e mais.


Para conhecer mais sobre o Ramadã e o Islamismo, contate o Centro Islâmico de Brasilia



Por: Henrique Sucena e Fernanda Ghazali

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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