Fertilização in vitro: sete anos de tentativas e a realização de uma mãe

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O ano era 1993, mas Rosângela Ribeiro, hoje com 56 anos, não se recorda o mês ou dia exato, que ela e o esposo, Antônio Donizete, descobriram que não podiam engravidar de forma natural. A partir desse momento os dois foram tomados por uma frustração absurda:

A gravidez não aconteceria de forma natural, era preciso realizar a fertilização In Vitro.

Na sala de uma clínica em Brasília, após mais de 7 anos de tentativas, muitos exames, médicos e dúvidas. Em março de 2000, Rosângela Clara e Antônio Donizete realizaram a fecundação, e com ela, estava se iniciando o sonho do casal: gerar uma vida.

Após a retirada do óvulo dela e a junção com o espermatozóide do pai, tomou uma anestesia geral e o médico colocou quatros embriões em seu útero.

“O processo é doloroso e delicado, precisei ficar três dias de repouso absoluto, e na incerteza de quantos filhos poderia ter: um, dois, três ou quatro.”

O sonho

Sentada na cozinha de casa, a mãe emociona-se ao recordar de como tudo aconteceu. Rosângela afirma sempre ter tido o sonho da maternidade. Logo após se casar, já queria ter filhos. Mas, ao longo do tempo, foi estranhando que a gravidez não acontecia.

Decidiu ir ao médico, mas não encontrou nenhum problema no seu organismo, e pensou: “só podia ser com meu marido”.

Já Donizete (hoje com 62 anos de idade) não aceitava este fato, se recusava a fazer exames e descobrir o que poderia estar errado. Após muita insistência, o casal iniciou o tratamento e descobriram que o homem tinha Azoospermia, quando há produção de espermatozóides não é suficiente.

“Por um momento pensei que não teria como, o processo foi muito doloroso, de difícil acesso e com expectativas infinitas. Lembro que, no dia que o resultado positivo saiu, o meu marido soltou foguetes e comemorou muito”. Mas, ainda sim, tínhamos medo, porque a gravidez só é confirmada depois de um mês com a ecografia. “Foram os trinta dias mais angustiantes da minha vida”, relata Rosângela.

Segunda filha

Na segunda gestação, o casal afirma que tudo foi mais tranquilo, os embriões já estavam prontos para serem fecundados, Rosângela apenas realizou alguns exames, realizou o procedimento e aguardou o resultado positivo do teste.

Família constituída depois do sonho realizado.

Ao ser perguntado sobre o tratamento, Donizete conta que foi uma frustração entender o problema. “Não conseguia acreditar nem queria buscar ajuda”. Estava em negação.

O homem, muito fiel a Deus, acredita que Júlia e Maria Clara são um milagre, que o nascimento das duas só deu certo pelo casal e sua família terem muita fé e saberem que tinham uma missão juntos: ter suas filhas e criá-las.

Marina de Fátima, madrinha da segunda filha, sentada na sala de estar da casa do casal, conta que acompanhou todo o processo.

Ao contar a história da família, se emociona e relembra como tudo aconteceu ao descobrirem que Júlia estava a caminho.

“Donizete soltou foguetes por toda a rua, chorava e comemorava, assim como todos nós. Foi um dia inesquecível, e toda a gestação e maternidade da Rosângela foi cuidadosa e carinhosa. Não pude ter filhos. “As duas, para mim, são as filhas que não tive.”

“Lembra, meu filho, passou, passará
Essa certeza, a ciência nos dá”.

Como já dizia Marisa Monte na música “O rio”, as correntezas da vida de Rosângela foram intensas e até dolorosas, mas a maternidade, de apenas um sonho, se transformou em história realizada.

Por Júlia Clara

Fotos: arquivo pessoal

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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