Live-action de “A Pequena Sereia” aposta em nostalgia e representatividade 

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No hall dos recentes live-actions da Walt Disney Studios, o filme A Pequena Sereia estreia nos cinemas do mundo todo e adapta a famosa animação do estúdio lançada em 1989.

A história acompanha as aventuras de Ariel, uma sereia que é fascinada pelo mundo humano e deseja desesperadamente conhecer mais sobre ele.

Infeliz com a vida no mar, a jovem princesa se apaixona pelo humano Eric e está determinada a passar por qualquer provação para subir à superfície, desde conflitos com o pai até acordos perigosos com Úrsula, a bruxa do mar.

Assista ao trailer de A Pequena Sereia

Direção

É difícil encontrar alguém que nunca tenha lido, assistido, ou ao menos ouvido falar em A Pequena Sereia.

Assim, o grande desafio do diretor Rob Marshall estava em trazer relevância atual a uma história já amplamente conhecida, mas sem perder a nostalgia e o encanto das produções Disney.

Uma vez que o diretor cinematográfico é também coreógrafo e diretor de teatro, era esperado que houvessem expectativas quanto ao seu trabalho de abraçar esse projeto, que propõe música e dança do início ao fim.

Portanto, exige atenção redobrada em relação à sonoridade, movimentos e beleza visual do ecossistema marinho.

Marshall já passou pela direção de musicais e outros filmes da Disney, como Piratas do Caribe 4 (2011), O Retorno de Mary Poppins (2018), Caminhos da Floresta (2014) e Chicago (2002).

Este último é um musical vencedor de seis estatuetas Oscar e que lhe rendeu indicação ao prêmio de melhor diretor.

Roteiro

Quem espera relembrar as memórias de quando assistiu à Pequena Sereia poderá se satisfazer com as cenas extremamente fiéis ao desenho de 1989, cujas sequências de eventos, falas e até gestos foram replicados no live-action e podem ser identificados com facilidade.

Contudo, a preocupação com a fidelidade pode não agradar aqueles que esperam por algo novo pois, mais uma vez, vemos a mesma personagem passando pelos mesmos desafios e tendo o mesmo final feliz, sem muito espaço para o aspecto surpresa ou para a inovação no roteiro.

No máximo, encontrarão três ou quatro músicas inéditas pouco memoráveis, que servem para dar mais tempo de tela a alguns personagens e aumentar a duração do filme.

Reviver histórias que já existem e que foram muito aclamadas no passado não necessariamente vem com a garantia de sucesso em reiventá-las no presente. Apesar disso, a premissa saudosista parece bastar em casos como este.

O aspecto visual do filme não deixa a desejar e as belas vozes dos atores e atrizes fazem jus às icônicas músicas Aqui no Mar, Parte de Seu Mundo, Pobres Corações Infelizes e Beije a Moça.

Um show de cores e movimentos coreografados por animais diversos exaltam a beleza da vida marinha e os efeitos especiais tornam realistas os seres místicos do fundo do oceano.

A delicadeza e doçura da sereia Ariel é evidente na atuação de Halle Bailey, e Melissa McCarthy se destaca com uma Úrsula poderosa, porém menos assustadora, dado às expressões faciais específicas da animação e à sua cena de batalha final que foi rápida e pouco explorada.

Comentários do público nas redes

Nos últimos anos, a Disney tem apostado em adaptações de seus famosos desenhos em formato live-action, como visto com A Bela e a Fera (2017), O Rei Leão (2019) e Aladdin (2019).

E por mais que o anúncio de A Pequena Sereia como o próximo remake do estúdio tenha gerado uma repercussão majoritariamente positiva, as críticas negativas ganharam grande palco nas redes sociais.

Um dos assuntos mais comentados foi o uso do CGI em mais uma produção que contém animais como personagens, fator que desagradou boa parte do público que assistiu ao longa O Rei Leão.

Para personagens “humanizados” como Ariel, Úrsula ou o príncipe Eric, não há segredo em adaptá-los ao cinema realista, mas animais tendem a perder traços característicos de expressão facial e, consequentemente, uma parte da própria identidade. 

Computação gráfica

O aspecto mais sério e menos caricato de Linguado, Sebastião, Sabidão e demais bichinhos é inevitável na premissa do live-action e, na medida do possível, foi sanado pela tecnologia da computação gráfica.

Mais comentada ainda foi a escolha de uma atriz negra para o papel principal.

Desde que o elenco foi anunciado em meados de 2019, Halle Bailey tem sofrido uma série de ataques racistas nas redes.

Usuários principalmente do Twitter e Instagram tem alternado entre pronunciamentos de insatisfação com uma sereia de visual diferente da original (branca de cabelo vermelho) e de apoio à artista.

Mesmo diante dos ataques, Bailey explicou em entrevista ao The Guardian em maio o motivo de ter aceitado o papel.

“Se eu tivesse visto uma sereia negra na minha infância… teria sido uma loucura, mudaria toda a minha perspectiva, a minha vida, a minha confiança, minha autoestima”, contou a atriz.

Não há dúvidas que a escalação de Halle no longa é mais uma conquista de visibilidade e representatividade negra no cinema. Nas mesmas redes sociais usadas para atacar a atriz, viralizaram diversos vídeos de garotinhas negras emocionadas com o trailer da princesa sereia que se parece com elas.

A Pequena Sereia já possui as primeiras reviews e alcança a terceira melhor posição no Rotten Tomatoes de um live-action da Disney, ficando atrás apenas de Mogli: O Menino Lobo (2016) e Cinderela (2015). O filme está com 75% de aprovação.

Ficha técnica

Título original: The Little Mermaid

Direção: Rob Marshall

Roteiro: Jane Goldman, David Magee

Elenco: Halle Bailey, Jonah Hauer-King, Melissa McCarthy, Javier Bardem, Daveed Diggs, Jacob Tremblay, Awkwafina

Gênero: Aventura, Família, Fantasia

Duração: 2h 10min

Classificação Indicativa: Livre

Por Giovanna dos Santos*

*A repórter assistiu ao filme a convite da Espaço Z

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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