Estrada de terra é incômodo em São Sebastião

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São cinco horas da manhã. A sola do sapato está descolada. Mas não há como parar. O caminho é longo. O ônibus não passa. Cinco quilômetros para ir e voltar de casa para o trabalho e comércio. A diarista Maria dos Santos, de 50 anos, tem quase uma rotina de atleta porque ela mora no núcleo rural de capão comprido, na cidade de São Sebastião, a aproximadamente 25 km da região central de Brasília. Andar pelo menos duas horas por dia faz parte de um cotidiano extenuante para alguém que ganha 40 reais por semana e vive cansada, sem transporte público ou esperança.

“Eu caminho, antes deu adoecer disso que quase matou eu, eu gastava 1h30. Agora eu gasto umas 2h mais ou menos, que eu vou devagarzinho. Não ando muito. Minha perna fica doendo e é dormente. Já tem uns três dias com o pé esquerdo doendo. Era a perna todinha doendo. E sempre o pé tá todo dia movimentando. Agora estou usando essa sapato pra ver se o pé se segura, mas o sapato descolou (risos) Ah, meu Deus!”

Maria dos Santos afirma ter perdido várias sapatilhas por andar na estrada. Guarda forças para andar, mas reclama em todo o trajeto da insegurança na região. De acordo com a diarista, ela foi abordada na estrada e apanhou quase até a morte. Ela teve que ficar durante oito meses parada e atualmente tem dificuldade para andar.

A administração de São Sebastião informou que já foram feitas mediações, mas que o órgão não tem recursos suficientes para realizar obras grandes deste porte. Segundo a administração, o asfalto é responsabilidade da Secretaria de obras ou da Novacap.

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A Secretaria de Estado de Obras, contudo, afirmou em nota nunca houve uma demanda oficial em relação ao asfalto nos trechos e que um pedido dessa natureza precisaria vir com o aval da Terracap ou Secretaria de Habitação, órgãos responsáveis pela regularização de terras no Distrito Federal e onde um processo dessa espécie deve começar.

O peão de fazenda Ari Nascimento Magalhães de 65 anos confirmou as dificuldades com a estrada. Ele alegou faltar transporte público para os pedestres. “Tem não, tem ônibus aqui não. Tem ônibus escolar, mas é pra pegar aluno aqui pra levar pra cima. Não dão carona não.”

Mesmo com as dificuldades, a Secretaria de Transporte Urbano do Distrito Federal (DF TRANS) confirmou que falta uma linha para atender a população nessa área e que não há previsão para circular ônibus no local. Mas indicaram que os moradores podem protocolar um pedido por meio do número 162, para que assim os técnicos possam avaliar o local.

A administração de São Sebastião informou que em 2014 foi feito um ofício solicitando melhora do transporte público a todas as áreas da cidade.

Maria dos Santos disse que é comum passar uma máquina para alisar a estrada e diminuir a quantidade de buracos na via. Entretanto, a rua não é irrigada o que aumenta a quantidade de poeira no caminho. Para ela, os motoristas não colaboram, eles passam em alta velocidade na via e tratam os pedestres como animais. “Se a gente não sair fora, eles passam com o pneu tudo em cima da gente (risos).”

São seis horas da tarde, o dia cai mais uma vez em capão comprido, e dona Maria e seu Ari ainda estão na estrada. Precisam se apressar porque no dia seguinte começa tudo de novo.

Por Jade Abreu

Foto: divulgação/ ascom

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