“Não acredito que as bibliotecas se tornarão obsoletas, afinal são lugares que guardam conhecimentos”, diz bibliotecária.
De acordo com o site oficial do Governo do Distrito Federal, a capital brasileira possui mais de 26 bibliotecas públicas espalhadas pelo seu território. No centro de Brasília está a Biblioteca Nacional, originalmente concebida por Lúcio Costa no final da década de 1950, porém erguida apenas em 2008, conforme projeto de Oscar Niemeyer.
“Não acredito que as bibliotecas se tornarão obsoletas, afinal são lugares que guardam conhecimentos”, é o que diz Aparecida do quê que trabalha como bibliotecária há mais de 20 anos, sendo que 14 deles foram na Biblioteca Nacional de Brasília. O constante avanço tecnológico e os grandes mercados literários virtuais não podem ser ameaças para a existência das bibliotecas, já que esses lugares além de oferecerem espaços seguros para estudos e pesquisas, são onde estão guardados os conhecimentos originais da cultura brasileira.
Por ser uma biblioteca pública, a Biblioteca Nacional não possui um acervo de pesquisa específico. Podem ser encontrados entre seus arquivos diversos tipos de assuntos, desde pesquisas científicas até histórias em quadrinhos.
A biblioteca continua sendo um ambiente valioso para muitas pessoas que buscam lugares tranquilos para estudar ou trabalhar. Briana Silva, frequentadora da Biblioteca Nacional de Brasília, compartilhou sua experiência sobre o papel do espaço na sua vida.
Após voltar de uma viagem de dois meses, ela ressalta o prazer que sente ao voltar a frequentar a biblioteca. “É uma tranquilidade, pelas comodidades também, né?”, diz. Para ela, ter um ambiente fora de casa para trabalhar é essencial, pois evita distrações.
Apesar de Briana não ter o costume de utilizar os materiais físicos da biblioteca por conta de poder utilizar recursos online, ela ressalta a importância do espaço em si. “Eu não tenho o hábito de utilizar o material da biblioteca por conta da do online, né? E meu trabalho não demanda no caso, como eu não sou estudante eu venho pra trabalhar então estou muito mais com o meu conteúdo de computador”, explica.
As tecnologias estão em constante atualização e esse fator também interfere em como as pessoas usam os espaços e os livros, e por causa disso, Briana acredita que o contexto de usar uma biblioteca está sendo modificado ao longo do tempo. “Eu acredito que o perfil de frequenta biblioteca, se for estudante ou trabalhador, vai mudar nesse sentido[…] eu acredito que talvez as pessoas hoje em dia estejam indo muito mais pelo espaço do que pelo acervo”, afirma Briana.
De acordo com a bibliotecária Maria Aparecida, a Biblioteca Nacional desenvolve iniciativas como exposições para atrair mais pessoas e visitantes. Além disso, têm um clube do livro onde as pessoas podem se reunir mensalmente. As divulgações dos eventos ocorrem, principalmente, pelo instagram da biblioteca.
Outra biblioteca famosa no Plano Piloto é a Biblioteca Pública de Brasília, BPB, ela se encontra na Asa Sul na quadra EQS 312/313. Apesar de parecer fisicamente pequena, a biblioteca comporta uma acervo de 2 mil obras, entre exemplares de livros, revistas, gibiteca, apostilas, jogos infantis, periódicos e diários de notícias locais e nacionais.
Acervo legislativo da Câmara dos Deputados
Localizada no Anexo II, a Biblioteca da Câmara dos Deputados é considerada uma das mais completas bibliotecas legislativas do país. Seu acervo é composto por mais de 200 mil livros, mais de 2000 títulos de revistas especializadas, além do patrimônio digital. O acervo tem foco nas ciências sociais, porém também abrange assuntos como direito, ciência política, economia e administração pública.
Além de livros, o acervo é composto por documentos produzidos desde a criação do parlamento brasileiro em 1823, papéis, manuscritos, fotos e entre outros formatos de consulta. A biblioteca da Casa não disponibiliza o empréstimo de livros para usuários externos, porém qualquer pessoa pode ir no local para fazer uso do acervo.
De acordo com a bibliotecária Regina Lino de Medeiros, no momento, 32 funcionários cuidam das dependências do local e como incentivo a visitação ao local, uma vez por mês eles oferecem encontros com autores dos livros nos acervos.
“Não acredito que as bibliotecas vão se tornar obsoletas, quando foi preciso nós criamos nosso acervo digital e vamos continuar nos atualizando e evoluindo para suprir as necessidades do público”, conta Regina.
A biblioteca da Câmara é mantida com um orçamento específico. Eles possuem uma verba para comprar livros novos e para atualizar os de edições já defasadas. Os livros antigos são doados para outras bibliotecas e uma pequena parcela é enviada para a reciclagem.
Biblioteca da Câmara dos Deputados. Foto: Luiz Marques
Estruturas diferentes entre bibliotecas públicas e privadas
As bibliotecas desempenham um papel importante na vida de quem estuda, cada espaço possui características específicas. As jovens Kauanne Amor e Vanessa Fernandes frequentam instituições diferentes e cada uma vivencia um sistema em suas respectivas universidades.
Kauanne, estudante da Católica, afirma que a instituição oferece acesso aos livros por meio de computadores, seja em um ambiente exclusivo para isso ou até mesmo de casa. “Podemos usar computadores, MacBooks, ou acessar os livros por meio de uma sala de informática dentro da biblioteca. Além disso, é possível acessar os livros remotamente”, explica Kauanne.
Biblioteca da Universidade Católica de Brasília. Foto: Site da instituição
Para Vanessa, a Universidade de Brasília oferece tudo o que ela precisa para estudar, além de usar seus materiais digitais, ela utiliza o acervo da instituição. “Essas salas são bem estruturadas, eu amo a biblioteca. Sempre que posso, estudo lá, pois me sinto melhor do que em casa”, compartilha Vanessa.
Biblioteca Central da Universidade de Brasília. Foto: BCE-UNB
Em relação ao sistema de devolução, ambas as bibliotecas aplicam multas por atraso na devolução de livros. Na Católica, cobram um real por dia de atraso, enquanto na UnB, a multa é de dez centavos por dia, explicam as estudantes.
Tanto a UnB quanto a Católica possibilitam o acesso para pessoas de fora que não são estudantes, no entanto é preciso fazer um cadastro na hora.
As Bibliotecas em Regiões Administrativas
Apesar de existirem mais de 26 bibliotecas públicas espalhadas por Brasília, existem locais no DF que não possuem bibliotecas ou que foram fechadas . De acordo com os dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, cerca de 15 regiões administrativas (de um total de 35) que não possuem bibliotecas.
Entre as regiões que não possuem bibliotecas estão o Riacho Fundo II, Varjão, SIA, Park Way, Lago Norte e Sul, Fercal, Sudoeste e entre outras que não possuem um espaço para atender o público.
Além dessas regiões que não possuem bibliotecas, existem aquelas que não foram reabertas, como em Águas Claras. A biblioteca pública da região havia sido reaberta ao público em 2021 durante a pandemia e fechada pouco tempo depois no mesmo ano.
Confira no link abaixo os endereços de todas as bibliotecas públicas de Brasília.
Por Giulia Rodrigues e Maria Eduarda do Prado
Supervisão por Gilberto Costa
