Food porn: fotografias tentadoras de comida geram “experiência”, mas podem ser abusivas

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Quem nunca sentiu aquela “água na boca” ao ver uma foto daquele hambúrguer com fritas no cardápio de um restaurante, em outdoor espalhados pela cidade e na televisão. O nome disso é Food Porn, também chamado de gastro porn, que é uma técnica provocante e exagerada do visual da comida usada para estimular o apetite de quem está vendo, sendo algo cada vez mais presente nos dias atuais. 

A técnica para deixar a comida mais desejada e atrair os olhares e desejos do consumidor é frequentemente usada em restaurantes e fast foods. No entanto, vale destacar que não se resume apenas às fotos, mas também a vídeos, geralmente publicados em perfis dos estabelecimentos nas redes sociais e até mesmo na televisão, seja em comerciais ou programas culinários que passam a apresentar o alimento de modo glamourizado. 

O professor de fotografia Lourenço Cardoso, do UniCEUB e doutorando em comunicação, conta que o processo é muito técnico, sendo pensado com uso de softwares de tratamento e de manipulação de imagem. A ideia é que algo do cotidiano, como alimentação, deixe de ser uma atividade rotineira e passe a ser uma experiência.  

“A publicidade já nasce com uma perspectiva de ilustração, de descrição dos objetos como eles são no mundo. Então inicialmente a gente tem uma relação de fotografia publicitária de alimentos de gastronomia voltada a essa ideia de representação direta, objetiva e clara para que a pessoa tenha noção do que ela vai receber”, disse Lourenço.

“A gente percebe que o alimento, assim como outras atividades cotidianas, deixam de ser por diversas razões uma relação de atividade comum, para se transformar em experiência. Se você quer trazer a ideia de experiência para todos os processos da vida cotidiana, inclusive para alimentação, há alguns caminhos que podem ser adotados, entre eles o Food Porn”, completou.

No entanto, mesmo sendo usada na publicidade de restaurantes e fast food, a nutricionista e professora Maína Pereira Castro, do Uniceub, destacou que o Food Porn pode ter influência negativa na alimentação das pessoas, podendo causar transtornos alimentares.

“Existem estudos que começam a relacionar os transtornos alimentares ao Food Porn, principalmente nas mídias sociais, podendo ser um fator de risco no agravamento destes transtornos.”, disse a pesquisadora.

De acordo com o artigo “Food Porn: imagens, sentidos sociais e virtualização do prazer em comer”, escrito pelo Doutor em Ciências da Comunicação Antonio Hélio Junqueira, entre os transtornos está a bulimia, caracterizado pelo excessivo e incontrolável consumo de alimentos, fazendo com que o indivíduo tome atitudes maléficas à saúde como forçar o vômito, praticar atividades físicas de forma exagerada e manter-se em jejum.   

Além disso, a experiência proporcionada pelo Food Porn pode ser apontada como um dos fatores que estimulam práticas alimentares de forma abusiva, fazendo com que o indivíduo fique mais suscetível a problemas de saúde.

“A publicidade de alimentos vai incentivar um consumo, que muitas vezes é excessivo, que não está de acordo com a real necessidade das pessoas. É uma forma de comer com os olhos sendo estimulados por meio da visão, da audição e etc.”, afirmou Maína.

“Quando a gente pensa em resolver essa problemática, a minha indicação são as recomendações do nosso guia alimentar para a população brasileira, que são as recomendações oficiais para ter uma alimentação saudável. São dez passos e no décimo fala sobre a orientação de sermos críticos em relação à publicidade.”, finalizou a nutricionista.

Entre outros problemas de saúde devido a alimentação exagerada está a obesidade mórbida, que é o acúmulo de gordura em excesso no corpo. A obesidade é classificada de acordo com o índice de massa corporal (IMC), sendo calculado através da divisão do peso pela altura ao quadrado. 

Portanto, vale destacar que muitos comerciais de comida são manipulados esteticamente, então a alimentação deve ser uma experiência prazerosa mas ao mesmo tempo nutricional para não agravar possíveis transtornos alimentares.

Por Gabriel Aurélio

Supervisão de Mônica Prado e Luiz Claudio Ferreira

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