Caso Cuca: torcedores rejeitam, mas jurista alerta que condenação social não pode ser pena perpétua

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Na semana do Dia Internacional das Mulheres, data que celebra a resistência feminina, uma notícia pegou de surpresa quem acompanha ou não o futebol. O técnico Cuca, que foi condenado por estupro há três décadas na Suíça e depois teve, neste ano a sentença anulada, foi contratado pelo Athletico Paranaense. Torcedores afirmam que há desgaste de imagem do clube. Por outro lado, abre uma discussão sobre o julgamento social de uma pessoa que não deve mais à justiça.  

Silvio Avila | Crédito: Getty Images

Consequências

O jurista Marlon Barreto, experiente profissional e pesquisador da área de Direito Penal, afirmou que qualquer pessoa que sofre uma condenação penal fica marcada para o resto da vida. “Isso quer dizer que mesmo depois de muitos anos a pessoa sofrerá as consequências dessa condenação, ainda que já tenha cumprido pena ou tenha transformado sua vida com o passar do tempo.” 

  Ele afirma ainda que esse caso é muito interessante para entender a Justiça suíça, que não tem a finalidade de gerar impunidade, mas procura dar mais efetividade ao sistema (reduzir massa carcerária) e gerar uma ressocialização muito mais eficiente.

“A condenação social não pode ser usada como mecanismo de uma pena perpétua, que impeça um indivíduo de voltar a viver regularmente em sociedade, sem exercer seus direitos.”

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Rejeição de torcidas 

  Durante a reabertura do processo, em abril de 2023, Cuca foi contratado pelo Corinthians para comandar o time, a reação dos torcedores foi negativa e após dois jogos, se retirou do clube. Na última segunda, o clube Athletico Paranaense dividiu opiniões da torcida ao anunciar a contratação oficial de Cuca como técnico do time. 

“Escândalo de Berna”

 Em 30 de julho de 1987, durante uma excursão do Grêmio, na cidade de Berna, Suíça, Henrique Etges, Fernando Castoldi, Eduardo Hamester e Cuca foram detidos por uma acusação de estupro de menor. 

 Segundo as investigações, a jovem de 13 anos, havia sofrido abuso sexual após ir com seus amigos pegar camisetas com os jogadores. Horas depois do crime, foram presos e permaneceram por um mês até pagarem a fiança e retornarem ao Brasil.

  Dois anos após o crime, Cuca e outros dois jogadores foram julgados e condenados a 15 meses de prisão na Suíça mas, pela falta de extradição brasileira, a pena não foi cumprida. Em Maio de 2023, a defesa do acusado, solicitou a reabertura do caso, alegando irregularidades no processo. A juíza Bettina Boschler, após reconhecer a prescrição da ocorrência, chegou ao veredito da anulação do caso, ou seja, Cuca não foi considerado nem inocente, nem culpado.

 Por Beatriz Vasconcelos e Letícia Corrêa

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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