No dia 10 de março de 1876, foi registrado pela primeira vez uma transmissão elétrica de voz. Noventa e seis anos depois, foi inaugurado o primeiro orelhão no Brasil e seu conceito começou a ganhar vida, conectando pessoas à distância de uma nova forma.
A aposentada Rita Bonafé, de 80 anos, é uma das pessoas que acredita na importância do telefone público, pois foi através dele que teve a oportunidade de ter um contato mais frequente com seu marido.
“Onde eu morava, era zona rural e tinha uma fábrica e essa fábrica tinha um orelhão comunitário. Esse orelhão foi muito importante na minha vida porque eu e meu marido namoramos pelo telefone do orelhão”, afirma.

Bonafé também relata que com o tempo a comunicação foi evoluindo através dos celulares, por serem menores e mais objetivos. “Os primeiros celulares pareciam um tijolo de tão grande e pesado, aí foi evoluindo e se tornando um celular pequeno e prático”, explica.
Os orelhões a cada dia que passa tornam-se mais difíceis de serem encontrados.
Segundo o painel de dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), existem 2.390 telefones públicos no Distrito Federal atualmente.
A técnica de laboratório, Priscila Marques, de 40 anos, conta que, aos 16, usava o orelhão, ao menos duas vezes por semana, a cabine telefônica para se comunicar com o namorado da época que vivia no interior de São Paulo, enquanto ela morava na capital.
Hoje, a técnica só usa o celular “Nunca mais reparei mas pensando agora, tem tempo que não vejo. Ainda existe?”.
O que diz a Lei
Além da falta de procura pelo telefone público, por conta dos avanços da tecnologia, muitos que buscam pelos cartões telefônicos enfrentam as consequências da sua inflação, em vista que os vendedores cobram quase o dobro do preço permitido pela tabela da Anatel.
O qual fere o Art. 2° da Lei Geral de Telecomunicações (Lei 9.472/1997), que diz que o Poder Público tem o dever de garantir o acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis a toda população. Esse problema se intensifica pela falta de fiscalização e punição dessa infração.
Há quem se queixe da ausência do funcionamento dos orelhões, porém uma das razões pode ser devido ao alto custo da manutenção desses aparelhos.
De acordo com o Art. 4° dessa mesma lei, os usuários de serviços de telecomunicações têm o dever de respeitar os bens públicos e aqueles voltados à utilização do público em geral, apesar de não ser o que acontece pelos recorrentes atos de vandalismo.
Conforme a Anatel, as três empresas de telefonia fixa mais utilizadas no DF são Oi, Claro e Vivo. A companhia responsável pela telefonia de Brasília é a concessionária Oi.
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Por Manuela Mendonça e Sophia Santos
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira