Atraso em reforma de teatro pausa arte

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Interditado no início do ano,  seguindo recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o principal teatro da capital federal têm sua reforma empacada, sem previsão de que se inicie o processo licitatório para o começo das obras e impactando de forma negativa a produção artística da cidade.

O Teatro Nacional Cláudio Santoro, espaço destinado exclusivamente às artes e projetado por Oscar Niemeyer, encerrou suas atividades em  fevereiro deste ano, quase um ano depois de o Corpo de Bombeiros do DF pedir pela interdição  do local em abril de 2013, depois de uma auditoria da corporação constatar 82 tipos de irregularidades, e após o MPDF expedir um pedido fechamento do local, em setembro do mesmo ano.

Assista vídeo da orquestra sinfônica:

Entre as diversas irregularidades observadas pelo Corpo de Bombeiros estão a falta do alvará de funcionamento do teatro e falhas no sistema de combate contra incêndios.

Com a falta de teatros públicos e o alto custo dos espaços privados, artistas locais e nacionais, produtores e público ficam com poucas alternativas para enriquecer a fauna artística da cidade.

É o caso de Paulo Roberto Fernandes, 49 anos, dono de uma escola de patinação artística, que está há três anos sem mostrar o desempenho de seus alunos por conta do descaso do governo local em realizar a manutenção de seu próprio quintal.

“A gente faz show no teatro há mais ou menos 12 anos e já tem três anos que o teatro está parado para entrar em reforma[…] Companhias estão sendo prejudicadas em função do governo não tomar providências em relação à reforma”, criticou Fernandes, que é patinador há 25 anos, e teve seu último projeto realizado no teatro em 2011. Ele lembrou das péssimas condições a que foi submetido na ocasião. “O estado da sala estava muito precário, mal cuidado, ruinzinho”

Para ele, não existe outro local em Brasília para comportar um espetáculo de patinação, o que afeta seus alunos, que ficam sem mostrar o que aprenderam durante as aulas. O absurdo na demora em revitalizar o principal palco de Brasília também afetou os trabalhos de uma peça importante para o fomento da cultura no Distrito Federal: a orquestra de Brasilia. De acordo com relatos de um integrante da orquestra, que falou sob condição de anonimato, o grupo chegou a ensaiar por um semestre no teatro, justamente quando o teatro encerrou  oficialmente suas atividades. “(O teatro) É cheio de bicho, cai iluminação, tem uma ratazana que mora na Villa Lobos […] O GDF (Governo do Distrito Federal) tinha que alugar um teatro para a gente”, disse a fonte. Atualmente, a orquestra sinfônica do teatro ensaia na Escola de Música de Brasília, depois de muita briga com a administração do teatro. “É uma zona”, completou.

Segundo a Secretária de Cultura do DF, o processo de licitação para as obras de reforma do teatro só poderão acontecer no mandato do governador eleito Rodrigo Rollemberg (PSB), já que uma lei distrital veta a contração de despesas nos últimos quadrimestres de um mandato, sem a possibilidade de cumprimento dos gastos no período.

O problema é que o termo necessário para realizar a licitação das obras ainda está em fase de elaboração e a data de entrega sofreu alterações devido a atrasos no envio do Projeto Executivo das obras.

“As datas para entrega do Termo sofreram alterações devido a atrasos no envio do Projeto Executivo das obras, que estava previsto para fevereiro de 2014, mas como foi enviado para os demais órgãos competentes para oferecerem sua análise e parecer (como por exemplo o Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o prazo foi prorrogado”, informou a Secretária, por meio de nota.

A expectativa é de que sejam investidos R$ 150 milhões no restauro do teatro e que as obras durem 18 meses.

Por Nestor Azevedo Baptista Rabello 

 

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