No Brasil, a menor parte das famílias adotantes escolhe uma criança com mais de 6 anos de idade. São cerca de 13%.
Um jovem que preferiu não identificar o nome lembra que, adotado aos 13 anos, chegou a ter receio dos preconceitos.
Ele é um dos casos raros de adoção de adolescentes no País.
“Quando eu fui escolhido, foi uma mistura de sensações. Não sabia explicar o que senti, além da felicidade de poder viver com uma nova família e uma nova casa”, disse, em entrevista à Agência Ceub.
Foram alguns dias de incerteza e medo. “Mas, depois de alguns dias de vivência no meu novo lar, esse sentimento sumiu, eu me senti em casa e em família, e atualmente eu não tenho ouvidos para o preconceito”, disse o estudante.
Conscientização
Neste sábado, dia 25 de maio, é celebrado nacionalmente o Dia da Adoção.
A data é utilizada como forma de conscientização e estudo sobre a importância e os estigmas do processo adotivo.
Uma característica no Brasil preocupante é que, no ano de 2023, segundo dados do SNA (Sistema Nacional de Adoção), de 4,9 mil crianças na fila, apenas 698 ganharam uma nova família.
Preferências
O SNA ressalta o impacto da idade dos jovens em adoção para a sua escolha.
Segundo pesquisas feitas pelo Sistema, 86,73% dos adotantes não querem crianças com mais de 6 anos de idade, enquanto mais de 90% das crianças disponíveis para adoção têm mais de 6 anos de vida.

Processo de adoção
Regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a adoção é um processo livre e gratuito.
Entretanto, quem deseja adotar uma criança, deverá passar por demorados processos regulamentados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Requisitos
Inicialmente, a família adotante necessita possuir requisitos para que seja possível realizar o ato da adoção.
Entre eles, ter mais de 18 anos, ter estabilidade familiar e financeira, não ter antecedentes criminais e ser avaliado positivamente em um estudo social e psicológico.
Todas essas etapas, segundo o CNJ, são realizadas para prevenir que um jovem adotado tenha uma qualidade de vida abaixo do esperado.
Leia mais sobre o Dia Nacional da Adoção
Após passar pela primeira etapa, o processo adotivo se inicia em definitivo.
Nessa parte, o adotante irá realizar entrevistas para explicar o motivo pelo qual pretende adotar um jovem, participará de um programa de preparação para adoção e, após esses processos, o sistema judicial declarará a família apta ou não para realizar o ato adotivo.
Barreiras complexas
Além do processo burocrático e demorado processo para uma adoção ser efetivada, o amplo numero de desafios para o processo torna-o em um ato complexo.
Uma das barreiras mais comuns, além do processo administrativo, são as características que o jovem carrega.
Essas são levadas em consideração durante o processo, e englobam etnia, gênero, faixa etária, deficiências e doenças e a quantidade de irmãos que o jovem possui.

Segundo levantamentos feitos pelo Sistema nacional de adoção:
Etnia: 92% das famílias participantes do processo preferem crianças brancas.
Gênero: 51% preferem a adoção de meninos
Faixa etária: 86% desejam adotar crianças com menos de 6 anos de idade.
Deficiências e doenças: 35% aceitam filhos com doenças e deficiências em geral.
Quantidade de irmãos: 67% querem filhos sem irmãos.
Por Mateus Péres
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira