Vida periférica inspira fotógrafo independente

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Câmera na mão, olhos cerrados e focados no visor e, com apenas um clique, registra um pouco da história.

Através das lentes e da visão crítica sobre o mundo, o jovem fotógrafo é um observador da natureza urbana, que traz para a arte uma estética diferente.

Narrador e testemunha do cotidiano periférico, o jovem fotógrafo compartilha a realidade marginal para que outras pessoas busquem a identificação.

Legenda: Kenzo Gabriel Wanzeler; Foto: Kenzo Gabriel

Kenzo Gabriel, fotógrafo de 19 anos, começou a jornada em 2021 quando ganhou uma câmera simples da mãe.

A partir daí, saiu para as ruas para fotografar o que algum tempo depois virou um diário da própria realidade. Na qual ele utiliza para se expressar.

Agência Ceub – Qual foi a virada de chave para a fotografia deixar de ser um hobby para se
tornar uma atividade mais séria?

A virada de chave foi entre 2022 e 2023, quando comecei a me aprofundar na fotografia. Eu comecei a trazer outras coisas para a minha arte, como a minha realidade e o cotidiano da periferia. Assim, acabou virando uma paixão e decidi fazer disso um caminho a seguir tanto profissional quanto pessoal.

Agência Ceub – Como você se vê no mercado?
Eu ainda não me vejo inserido no mercado da fotografia, mas estou quase entrando. Eu opto mais pela arte. Pretendo me consolidar vendendo minhas fotos para revistas e jornais.

Agência Ceub – Como é o cenário artístico de Brasília?

Eu diria que o cenário é movimentado, mas existe muita panelinha. O pessoal puxa mais para o centro, para a burguesia e para os monumentos.

Brasília tem tanta coisa para ser explorada, ela é muito mais do que isso. Acho que quando você faz
uma arte sincera, se entregando, você pode fazer por você mesmo sem precisar de um grupo que está na área a muito tempo.

Eu tinha as fotografias do Plano Piloto mostrando o museu, a Catedral de Brasília, o Congresso Nacional. Mas eu pensei: “Ah, já tá manjado isso aqui”, então eu quis puxar mais de onde eu vim, a periferia.

Foto: Kenzo Gabriel

Agência Ceub – Na sua opinião, tem mais arte para ser mostrada nos arredores de Brasília?

Sim, tem bastante. Principalmente na Ceilândia, Samambaia, P-Sul, Sol Nascente, Guará, Núcleo Bandeirante… São lugares com muita cultura, com uma galera muito artística. Se as pessoas forem procurar fora do centro de Brasília, eles vão achar outro tipo de arte.

Agência Ceub – Qual a importância da sua arte?

Levar representatividade para o pessoal da periferia além de mostrar o que tem lá para outras classes sociais e fazer uma crítica.

O que você mais vê na mídia é Brasília puxada para o Plano Piloto. Quando eu era mais novo, eu não via nem um pouquinho da identidade de onde eu vim. Então quando um menorzinho vê uma foto da quebrada dele, ele se sente representado e tem um sentimento bom.

Foto: Kenzo Gabriel

Agência Ceub – Como tornar essa arte mais mainstream?


Depende muito. É preciso influência, estar envolvido no mercado de trabalho ou ter sua própria marca, mas de certo modo a influência é o ponto crucial, na minha visão. A divulgação da arte das cidades satélites às vezes não é a mesma coisa daquelas que são mostradas em Brasília. Então tem sido um pouco difícil, não só pra mim, mas para outros artistas que tentam mostrar mais das suas regiões.

Agência Ceub- O cenário fotográfico de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia tem uma cara muito definida. Você acha que Brasília tem essa identidade ou ainda está construindo?


Acho que Brasília tem a cara dela, mas não é algo tão original ainda. Acho que pode chegar, sim, a ser igual o Rio de Janeiro, São Paulo… Isso porque Brasília ainda é muito jovem, tem muito o que construir ainda, está crescendo, é uma cidade muito jovem, mas pelo que já tem, pode se dizer que existe uma cara de Brasília.


Agência Ceub – Como você descreveria sua jornada até aqui?


No começo foi mais por hobby em si, não tinha tanta coisa formada pra fazer, não sabia editar, não sabia o que fotografar. Agora eu já tenho o que fotografar, o que produzir, e vejo que cresci bastante. No começo eu não me via como artista e agora talvez eu me veja, ainda não me entreguei 100%.


Agência Ceub – Você está planejando algum projeto para o futuro?


Eu comecei um projeto chamado “Revolução Visual”. Nele eu tento reunir vários artistas, não só da fotografia, mas também de outros campos da arte.

Tenho o intuito de ajudar quem está começando, quem não tem acesso a um equipamento
ou não tem divulgação.

Por Ana Clara Mendonça, Anna Carolina Xavier, Davi Moisés e Paulo Mac-Culloch.

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A Agência de Notícias é um projeto de extensão do curso de Jornalismo com atuação diária de estudantes no desenvolvimento de textos, fotografias, áudio e vídeos com a supervisão de professores dos cursos de comunicação

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