Pentacampeão mundial de futevôlei começou no esporte após ser afastado dos campos

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Pentacampeão mundial de futevôlei, Joathan Victor Paulino de Morais, ou Jota Paraná, nome conhecido pelos amantes da modalidade esportiva lembrou que iniciou a carreira depois de ser afastado dos campos aos 19 anos de idade.

“Eu tive uma discussão com o clube, que me afastou dos jogos. Eu já tinha 19 anos e como eu não ia jogar, durante o final de semana eu não tinha que fazer em Luziânia, então eu ia para a praça da cidade, onde tinham algumas pessoas que jogavam futevôlei”.

Desde então, garante que passou a ser mais disciplinado com a preparação física. Segundo o atleta, o treino não se restringe apenas à preparação física na academia e areia (onde atua diretamente), mas à análise de táticas e técnicas que podem ser incorporadas ao seu estilo de jogo.

Paraná conta que conciliar a vida esportiva profissional, demanda um maior controle emocional.

Apesar das dificuldades iniciais, como a aceitação pelos jogadores mais experientes e a falta de material de estudo e treinamento, Paraná perseverou e se destacou no esporte.

Ele também relembra suas conquistas mais significativas, incluindo cinco títulos mundiais e um vice-campeonato em 2022, além de momentos decisivos em competições nacionais.

Com uma rotina de treinos intensiva e um foco na preparação física e mental, Paraná se tornou uma referência no futevôlei, inspirando novos atletas e planejando um futuro dedicado à formação de talentos e projetos sociais.

Além de suas realizações, Paraná compartilha momentos memoráveis de suas vitórias e destaca a importância da disciplina e do compromisso para jovens atletas que estão começando no esporte.

“Para os jovens que estão começando agora, é importante ter disciplina e compromisso, não só no esporte, mas na vida”, aconselha o atleta.

Confira abaixo a entrevista

Agência Ceub – Como você começou a jogar futevôlei e o que te motivou a seguir essa carreira?

Eu era atleta profissional de futebol de campo e em 2009 eu tive uma discussão com o clube, que me afastou dos jogos. Eu já tinha 19 anos e como eu não ia jogar, durante o final de semana eu não tinha que fazer em Luziânia, então eu ia para a praça da cidade, onde tinham algumas pessoas que jogavam futevôlei. Lá eu comecei a bater na bola para brincar e me identifiquei com a modalidade, me dei bem, mesmo sem muita experiência, eu tive facilidade em aprender e comecei a jogar no mesmo ano.

Agência Ceub – Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da sua carreira?

Um dos meus maiores desafios foi ser aceito pelo pessoal que já jogava. Além disso, por ser um esporte muito novo, existiam muitas dificuldades em relação a treinamento, não tinha muito material acadêmico para estudar, não tinham tantos vídeos no YouTube de pessoas ensinando, então tivemos que aprender tudo sozinhos. Então, nós fomos abrindo o caminho para os novos atletas virem e terem acesso ao que nós aprendemos.

Agência Ceub – Qual das suas conquistas você considera a mais especial e por quê?

Sobre conquistas, com certeza os cinco títulos mundiais que eu ganhei têm um espaço especial aqui na memória. Por terem sido representando o Brasil, terem sido grandes jogos, difíceis. Além disso, um vice-campeonato mundial em 2022, que eu acabei perdendo, me deixou com um gostinho de vitória, joguei muito, mas no final a gente tomou a virada e infelizmente está gravado também.

Agência Ceub – Pode compartilhar algum momento inesquecível de uma das suas vitórias?

Alguns outros torneios brasileiros que eu fui campeão, que fiz grandes jogadas no final do jogo, fiz um bloqueio que na época não era muito visto, de Shark Attack, em uma hora bem decisiva do jogo.

Nós estávamos prestes a perder o jogo e o campeonato, quando resolvi tentar esse bloqueio e tive êxito, o que foi muito legal. Acho que são essas as memórias, os mundiais e os campeonatos brasileiros que são os torneios mais difíceis do mundo.

Como é a sua rotina de treinos e preparação para competições importantes?

Hoje eu sigo uma linha bem mais rígida de treinamento, até pela maturidade. Treino duas vezes ao dia, às segundas e quartas, e uma vez, às terças e quintas.

Sexta-feira é o dia em que viajo para as competições, que geralmente acontecem aos sábados e domingos. Algumas competições maiores começam na sexta-feira, mas a maioria ocorre no fim de semana, durando o dia inteiro.

Então, não temos muito tempo livre para descanso, apenas na sexta-feira, quando estamos viajando. Minha rotina de treinamento é bem extensa, incluindo academia e outros aspectos fundamentais para o desempenho como atleta, como nutrição, preparação psicológica e mental.

Assim, foco principalmente na força, técnica e leitura de jogo, que considero essenciais para um bom desempenho.

Agência Ceub – Quem você considera como seus maiores adversários ao longo da sua carreira?

Não tem como fugir da velha resposta pronta de todo atleta, que diz que nossos maiores adversários somos nós mesmos, nossa mente.

Como trabalhamos com o corpo, há dias em que ele está destruído pelo cansaço e pela rotina. Muitos atletas brasileiros, especialmente nos esportes amadores ou menos conhecidos, precisam assumir outras responsabilidades além do esporte, como estudar e trabalhar.

Eu, por exemplo, sou professor, pai de dois filhos e tenho uma família para cuidar. Nossa mente é o principal desafio, pois às vezes queremos nos sabotar, mas precisamos seguir em frente, mesmo com o corpo dolorido.

Dentro de quadra, os adversários mais baixos costumam ser mais técnicos, colocando a bola nos pontos mais distantes, exigindo muita corrida. Já os adversários mais fortes batem mais na bola, exigindo uma reação mais rápida. Por isso, tenho mais dificuldade contra jogadores de menor estatura.

Agência Ceub – Como é a atmosfera e a rivalidade nas competições internacionais e nacionais?

A atmosfera das competições melhorou bastante. Antigamente, havia muito ego envolvido, mas hoje, com fácil acesso à informação, competir se tornou mais justo.

No Brasil, somos considerados um dos melhores do mundo no futevôlei. Muitas vezes, ser campeão brasileiro é mais difícil do que ser campeão mundial. Israel, Itália, Estados Unidos e Paraguai têm melhorado seu nível, mas o Brasil ainda é soberano.

Em Israel, por exemplo, somos bem recebidos e respeitados. Já fui três vezes jogar lá, e é sempre uma experiência muito boa.

Agência Ceub – Como você vê o desenvolvimento do futevôlei no Brasil e no mundo?

O futevôlei ainda é um esporte um pouco amador. Nós temos a Confederação Brasileira e associações estaduais, mas elas ainda não são atuantes.

Não cumprem seu papel no esporte, não criam estatutos, não promovem torneios, não organizam rankings. Estão muito aquém do que uma confederação e uma federação deveriam fazer.

Por isso, é muito difícil o esporte evoluir. Precisamos de uma confederação atuante para buscar novos projetos, ampliar o esporte e desenvolver projetos sociais.

Atualmente, esses projetos sociais são sempre particulares. Seria interessante se a confederação e as federações fossem mais atuantes. O desenvolvimento do futevôlei no Brasil e no mundo depende disso.

Agência Ceub – Que conselhos você daria para jovens atletas que estão começando nesse esporte?

Para os jovens que estão começando agora, é importante ter disciplina e compromisso, não só no esporte, mas na vida.

O esporte é uma das portas de entrada para o mundo, onde se fazem amizades, conexões e até se conseguem patrocinadores.

Isso ajuda muito no desenvolvimento do caráter. A maior dica que posso dar é essa. Nos outros esportes, há um rigor maior, enquanto no nosso ainda há muito amadorismo. Isso afeta a postura dos atletas e atrasa seu desenvolvimento. Portanto, disciplina e compromisso são essenciais.

Agência Brasil – Como você equilibra sua vida pessoal com a carreira de atleta?

Por muitos anos, esse equilíbrio esteve abalado porque levava problemas da quadra para dentro de casa. Chegava em casa com pouca paciência, e qualquer coisa me irritava. Nunca fui agressivo, mas não conseguia equilibrar a pressão do esporte com a vida pessoal.

Se o dia de treino ou o torneio não iam bem, eu não sabia como lidar com isso. Tudo mudou quando entreguei minha vida a Jesus.

Sempre acreditei em Deus, mas não vivia inteiramente para Ele. Depois que me entreguei a Jesus, Deus passou a comandar minha vida, me dando paciência e providenciando tudo que preciso. Basta manter meu momento de intimidade com Ele e seguir os princípios bíblicos do evangelho de Cristo.

Agência Ceub – Quais são seus planos e objetivos futuros no futevôlei?

Eu consegui criar um nome muito forte dentro da modalidade, sendo um dos maiores campeões do esporte, reconhecido mundialmente, e sou muito feliz e grato a Deus por isso.

Creio que quando eu não estiver mais ativo como atleta, planejo abrir um centro de treinamento para formar novos atletas e passar a minha experiência para eles.

Dentro disso, desejo implementar um projeto social, para que assim como eu, muitos meninos de famílias pobres, sem estrutura, possam vencer no esporte se tiverem essa oportunidade. Pretendo criar um centro de treinamento que atenda jovens carentes e também aqueles que podem pagar e desejam evoluir e aprender o esporte.

Por Amanda Martins, Anna Vitória de Carvalho, Carlos Eduardo Mendonça, Lucas de Moraes e Kallebe Simões

Supervisão de Isa Stacciarini e Luiz Claudio Ferreira

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