“Viver intensamente é o segredo”, diz mesatenista paralímpico radicado no DF

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O mesatenista Guilherme da Costa, nascido em Manaus, se mudou para Brasília ainda criança e estudou durante a adolescência em uma escola particular da Asa Sul. Aos 14 anos, sofreu um acidente que mudou todo o percurso de sua vida.

Enquanto atravessava a faixa de pedestres ao sair da escola, o rapaz foi atingido por um carro que, segundo a perícia, estava a 105 km/h em uma via de 40 km/h.

Após o acidente, Guilherme passou por três hospitais, sete cirurgias e duas paradas cardíacas. Ao todo, foram seis meses de internação e 67 dias na UTI.

O resultado foi um traumatismo craniano que, posteriormente, causou paraplegia.

“Uma das minhas maiores qualidades é a capacidade de poder me reinventar.”

Em 2006, alguns meses após o acidente, Guilherme fazia sessões de fisioterapia no Hospital Sarah Kubitschek, e, incentivado pelos colaboradores, começou a se interessar pelo tênis de mesa. Pouco tempo depois, já era notável o talento do rapaz na modalidade. Por isso, no ano seguinte, se mudou para São Paulo, onde passou a treinar com a Seleção Brasileira de Tênis de Mesa no Centro Paralímpico Brasileiro e em 2009 foi convocado para representar a Seleção Brasileira pela primeira vez.

Hoje, aos 32 anos, casado e medalhista paralímpico, Guilherme dá palestras, nas quais comenta sobre sua trajetória e motivações, com o objetivo de ensinar que ninguém precisa passar por acontecimentos trágicos para começar a própria superação. Confira entrevista

Agência Ceub – Qual a importância das competições na sua vida?

Guilherme da Costa – A competição é um retrato de conquistas, de luta, nervosismo. Acho que, de certa forma, é uma evolução da humanidade, e o esporte paralímpico é um redesenho dessa vida. Mesmo apesar de tudo que acontece, eu não consigo viver sem.

Agência Ceub – Qual é a maior dificuldade que enfrenta dentro do esporte?

Guilherme da CostaCom certeza a infraestrutura, já que é algo muito específico, precisa treinar com o ambiente certo, no tempo certo e com as pessoas certas. Mas esse início da trajetória faz parte. Depois de vencer, é muito de cada um, a maior dificuldade é a instabilidade, seria legal se tivesse um pouco mais de projeção pro futuro, como contratos, patrocínio, algo que deixasse o atleta confortável para competir e pensar só em seu esporte.

Agência Ceub – Como acha que atletas paraolímpicos podem ganhar mais reconhecimento?

Guilherme da CostaAcho que quanto mais pessoas jogarem, o esporte se mostrará mais presente, a mídia dará mais valor e com o tempo o esporte paralímpico vai ter o reconhecimento que merece, apesar de ainda haver um pouco de preconceito.

Agência Ceub – De que forma o esporte te ajudou na superação?

Guilherme da CostaO esporte me ajudou a me tornar a pessoa que sou hoje, ele me acompanha no momento que eu comecei a reabilitação. Eu sempre adorei esporte, praticava natação, futebol, inclusive foi fundamental para que tivesse sobrevivido o acidente, por causa do porte físico que eu tinha.

Agência Ceub – Qual a diferença do Guilherme antes e depois do acidente?

Guilherme da Costa – Coragem, antes eu me considerava muito medroso. Me lembro que algumas vezes, em jogos muito importantes, quando eu andava, pedia para ser substituído e hoje, olhando toda minha carreira, nem tem cabimento eu sequer pensar nisso.

Agência Ceub – Como é a sua preparação?

Guilherme da CostaEu sempre faço de tudo, desde a preparação física até o acompanhamento psicológico. Eu gosto de olhar pra trás e poder falar, mesmo que não dê certo, “eu fiz de tudo, e faria tudo de novo, exatamente igual”.

Agência Ceub – Uma lição que você aprendeu com o esporte?

Guilherme da Costa – Com tudo que eu passei e vi no esporte, acho que o grande aprendizado é viver a vida, viver intensamente é o grande segredo. Porque, afinal, a gente nunca sabe o dia de amanhã.

Agência Ceub – Um conselho pra vida?

Guilherme da Costa – Que as pessoas tenham coragem, pra tentar, errar, perder, vencer, e viver a vida no geral, acho que esse é o grande segredo.

Por Artur Monteiro, Bruna Teixeira e Winne Corrêa

Supervisão de Isa Stacciarini e Luiz Claudio Ferreira

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