No Varjão, cidade do Distrito Federal, as mulheres somam 24, 71% da responsabilidade pelo domicílio com o comércio como atividade, contra 22,42% dos homens, segundo pesquisa da Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal). Apesar de dominarem a venda local, autônomas preferem não contratar mães com filhos pequenos. Ao visitar a avenida principal da cidade a reportagem constatou que as próprias mulheres agem com preconceito contra as suas funcionarias.
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Proprietária de uma agropecuária, Érika Sampaio, de 24 anos, diz que nunca teve dificuldade em voltar ao trabalho após ter dois filhos, já que sempre trabalhou por conta própria. Mas, quando se trata dos funcionários de loja, posição é bem clara “Bebê fica muito doente, atestados são constantes. Aqui tinha uma funcionária que tinha filho e era bem difícil. A gente opta por quem não têm filhos ou os filhos são mais velhos”.
Francisca Marques, de 48 anos, tem seis filhos e também é comerciante revela que logo quando chegou a Brasília para trabalhar, ninguém aceitava a condição de ter que levar os filhos, nem em casas de família. Ela acredita que isso a “forçou” a montar seu próprio negócio. Apesar de sua história, hoje o preconceito mudou de lugar “Prefiro contratar mulheres solteiras e sem filhos, dá menos problema”.
Dona de um supermercado, Magnólia Martins, de 31 anos, mora em cima do seu comércio e diz que sempre conseguiu conciliar as vendas e a criação dos filhos, sem precisar de babá ou uma creche. Quando precisa contratar funcionários, tem preferência na hora da escolha “Aqui só trabalha homem, porque mulher que tem filho ela falta mais o serviço, o filho adoece e não tem com quem deixar aí fica difícil“.
Outros dados
A pesquisa também aponta que o número de homens sem atividades (2,38%) e desempregados (5,44%) da cidade é um dos maiores do Distrito Federal. Além disso, 47,06% das mulheres trabalham com carteira assinada enquanto os homens 38,46%. O que chama atenção é sobre as empreendedoras. Elas empregam 0,98% no Varjão e os homens menos da metade, 0,40%.
Por Júlia Campos – Agência de Notícias UniCEUB