Dirigido por Sean Baker, Anora é um dos filmes indicados ao Oscar e concorre na categoria de melhor filme, melhor atriz (Mikey Madison), melhor ator coadjuvante (Yura Borisov), melhor roteiro original, melhor direção e melhor montagem.
O filme combina um drama intenso e a atuação que dispensa elogios de Mikey Madison (Pânico 5). Com uma narrativa profunda em um tom cômico, o filme desdobra os desafios de ser uma mulher pouco valorizada por seu trabalho de streaper.
Confira o trailer
Enredo
Anora, uma jovem dançarina sexual do Brooklyn, conhece um jovem russo durante seu expediente e acaba aceitando se relacionar impulsivamente com ele.
Em poucos dias vivendo um romance adoidado, os jovens se casam em Las Vegas. Quando a notícia chega à Rússia, seu conto de fadas é ameaçado quando os pais partem rumo a Nova York para anular o casamento.
Foto: divulgação
Narrativa
O filme “Anora” se propõe a entregar a perspectiva de uma jovem mulher, Ani, que faz parte de um grupo marginalizado para a sociedade. Iniciando a trama de forma inicialmente cômica até um certo acontecimento no filme “quebrar” essa linha de narrativa paralela a uma idealização do sonho americano..
O estereótipo do sonho americano é uma crença de que todos, trabalhadores, podem alcançar o sucesso em uma sociedade em que a mobilidade social é acessível.
Questões como a desumanização de garotas envolvidas na prostituição e a relativização dos sentimentos da protagonista após sofrer um love bombing – ato feito por um parceiro romântico que enche de forma avassaladora a outra pessoa de atenção e carinho como forma de manipulação emocional – são tratadas de forma eficiente.
No entanto, se perde facilmente o interesse durante a primeira metade do filme, pois a glamourização foi desenvolvida de forma rasa ao se tratar de problemáticas reais dentro de um ambiente ficcional, atrapalhando a narrativa.
Cinematografia
Apesar de ter uma premissa parecida com o filme “Uma Linda Mulher” protagonizado por Julia Roberts, Sean Baker inova criando uma troca de expectativas na metade do filme por meio de uma mudança no tom de cores e no estilo de fotografia, saindo de cores vibrantes para uma saída monótona e fria.
Essa mudança transmite a mudança dos sentimentos da protagonista e de paixão para uma sensação de abandono. Ani, auto apelidada de Anora pensa que conseguiu ascender socialmente por mérito de seu trabalho com alguém que a ama, mas enfrenta um caminho turbulento durante o desenvolvimento do filme.
Aspectos técnicos
A filmagem de Baker consegue trazer todas as atmosferas que o filme deseja passar, de forma sútil e intrigante ao mesmo tempo. O espectador consegue, de forma indireta, sentir as problemáticas vivenciadas pela personagem “Ani”.
Os atores Paul Weissman e Mikey Madison estão bem caracterizados em seus personagens e conseguem transmitir química tanto quanto um casal, e o ódio como inimigos durante o divórcio.
A obra cumpre bem a promessa de mostrar desafios de uma mulheres que vende o corpo para sua sobrevivência, e se aprofunda, nas desigualdades sociais, culturais e no impacto da riqueza e do poder nas relações pessoais.
Originalidade
Anora não é um filme convencional de comédia romântica, porém é exatamente isso que traz originalidade a história e a razão de querer saber o que vai acontecer com os personagens, principalmente sobre a própria Anora. O longa merece uma oportunidade de atenção, vá de mente aberta para essa proposta, ele certamente surpreenderá.
Foto: divulgação
Ficha Técnica
Título: Anora
Direção e roteiro: Sean Baker
Elenco: Mikey Madison, Paul Weissman e Yura Borisov
Gênero: Drama, Comédia, Romance.
Duração: 2h19
Classificação Indicativa: 18 anos
Por Isabella Ribeiro e Júlia Harlley
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira