Como é aplicada a norma da pílula do dia seguinte

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Depois de três anos de publicado o protocolo de utilização da pílula do dia seguinte pelo Ministério da Saúde, a distribuição do medicamento nas unidades básicas de saúde do DF ainda não está, na prática, padronizada. De acordo com o protocolo, a pílula deveria estar disponível gratuitamente e ser oferecida sem a exigência de receita médica a todas as mulheres que tiverem relações desprotegidas ou falharam com seus usuais métodos contraceptivos. Na prática, não é isso que acontece nos Centros de Saúde do Distrito Federal, que ainda não padronizaram a distribuição do medicamento.

A pílula do dia seguinte se torna mais eficaz quando utilizada nas horas mais próximas da relação sexual. Mas ela pode ser utilizada até 72 horas depois e ainda fazer efeito. O problema é que, quanto mais uma mulher espera para tomar a pílula, mais chances ela tem de engravidar. E é por isso que o protocolo garante que a mulher pegue a medicação sem receita e possa ser encaminhada para um acompanhamento futuro com um ginecologista, uma vez que não é sempre que a mulher chega a um centro de saúde e encontra um médico a sua disposição para atendê-la.

A Secretaria de Saúde garante que as orientações passadas aos centros de saúde estão de acordo com as recomendações do protocolo do Ministério, porém na prática, alguns postos de saúde ainda não liberam a medicação sem o receituário. O postinho de saúde que fica localizado 905 norte é um dos centros que ainda não começou a seguir a protocolo do Ministério da Saúde e não libera o medicamente sem receita. Já o posto da 114/15 Norte segue as normas e distribui o medicamento sem que a mulher precise necessariamente passar por uma consulta médica, assim como o posto de saúde da Candangolândia.

Utilização

O ginecologista Leandro Resende, Gerente da Gerência de Emergência do HRAN, explicou que a pílula do dia seguinte é uma medicação que, quando usada, faz uma série de alterações no ciclo menstrual da mulher. “A pílula tenta interromper o ciclo menstrual para que exista uma descamação do endométrio. Então mesmo que exista a fecundação do espermatozoide masculino com o óvulo feminino, não vai haver um ambiente favorável no endométrio para a implantação do óvulo”.

Além disso, o médico ressaltou que a pílula do dia seguinte deve ser usada somente quando existe algum tipo de falha no uso do método contraceptivo. “Não se recomenda que se use a pílula com frequência. Ela realmente deve ser um método de exceção. Então não se espera que a mulher use mensalmente, no máximo a cada dois ou três meses, porque toda vez que ela começar a usar com mais frequência, as chances de engravidar aumentam”, explicou o Leandro, que também recomendou que a mulher receba uma orientação médica sempre que possível. “A paciente tem que ter o mínimo das noções das contraindicações ou, ainda mais, saber os efeitos colaterais que podem surgir com o uso da pílula. É por isso que sempre recomendamos que as mulheres, quando começarem suas visitas ginecológicas regulares, perguntem suas dúvidas ao ginecologista”.

 

[box type=”download”] O que diz o protocolo:

Nos serviços públicos de saúde, mais especificamente na atenção básica – unidades básicas de saúde e ESF, UPA, centros de saúde – está disponível gratuitamente o Levonorgestrel de 0,75mg. A dispensação segue o seguinte fluxo:

– Acolhimento e oferta de informações como prática de todos os profissionais da equipe multiprofissional. É fundamental ouvir e analisar a história da usuária, com atenção especial a adolescentes, realizar aconselhamento e orientação sobre o uso do Levonorgestrel.

– Caso se trate de relação sexual em que houve falha no uso de método contraceptivo ou que a usuária não faz uso regular de método contraceptivo deve ser dispensada, de forma assistida, uma cartela com dois comprimidos de 0,75mg de Levonorgestrel, além de orientações imediatas e agendamento para as ações de planejamento reprodutivo para a possibilidade de troca do método, caso a falha no uso seja recorrente.

– Caso se trate de relação sexual desprotegida decorrida de situação de violência sexual, deve ser dispensada, de forma assistida, uma cartela com dois comprimidos de 0,75mg de Levonorgestrel, além do encaminhamento ao serviço de referência no atendimento à Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes. – Para a dispensação do Levonorgestrel, não será exigida receita médica, podendo os(as) enfermeiros(as) disponibilizarem a contracepção de emergência na ausência do médico e posterior encaminhamento da usuária às ações de planejamento reprodutivo.[/box]

Confira o protocolo na íntegra

Por Bruna Goularte/ Foto: Julia Campos

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