Sindicato dos professores do DF exibe documentário e homenageia professor assassinado em 2008

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Carlos Mota foi mais que um professor. Educador dedicado, sindicalista comprometido e defensor da escola pública, ele passou anos lutando por melhores condições de trabalho para os professores  e por uma educação de qualidade para os estudantes do Distrito Federal.

Ele teve sua trajetória brutalmente interrompida em junho de 2008 quando foi assassinado em um crime que chocou a comunidade escolar e expôs a vulnerabilidade enfrentada por muitos professores.

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Em um momento de memória e resistência, o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) realizou na última terça-feira uma emocionante homenagem ao professor Carlos Mota.

O evento, que exibiu o documentário “Carlos Mota: entre arquivos e lembranças”, dirigido pelo filho, o jornalista Otávio Mota.

O vídeo traz detalhes sobre a vida do docente. No evento, o sindicato reuniu colegas familiares e alunos em um ato que misturou saudade, luta por justiça e a celebração do legado pedagógico deixado por Carlos.

Dezessete anos após o crime que chocou a comunidade educacional, sua história segue inspirando reflexões sobre violência, impunidade e a valorização dos profissionais da educação.

Assista aqui ao documentário

O documentário trouxe à tona não apenas a trajetória profissional de Carlos, conhecido por seu compromisso com a educação pública, mas também os aspectos humanos que o tornavam querido por todos.

Imagens de arquivo, depoimentos de amigos e ex-alunos e cenas familiares fixam na memória quem foi Carlos Mota.

Informações sobre o crime que vitimou o professor também estão no filme, que, inclusive, é finalista do Prêmio Expocom, de melhor documentário entre todos os filmes universitários do Centro-Oeste.

Otávio Mota, acompanhado da também jornalista Juliana Weizel, parceira na produção do curta

Para Otávio Mota e sua família a homenagem foi muito simbólico. “Eu não estava esperando que o documentário fosse ganhar toda essa repercussão”, confessou emocionado ao lembrar os detalhes preparados pelo Sinpro-DF, desde banners e cartazes até um marcador de livro com uma imagem dele e do pai. 

“A gente começou a entender a dimensão da história de vida do meu pai. Ele afetou positivamente a vida de muitos outros professores, de amigos e de colegas que passaram por sua vida… Para minha família e para mim foi uma grande e ótima surpresa toda a homenagem”, acrescenta.

A placa instalada em uma pequena praça – com uma foto de Carlos Mota e o filho caminhando de mãos dadas –  tornou-se um símbolo dessa memória coletiva, a frase escrita na placa realça que a história e o legado de Carlos nunca serão esquecidos.

A emoção tomou conta de quem foi acompanhar a homenagem, como Jacy Braga, amigo de longa data de Carlos Mota.

“Foi uma homenagem bastante emotiva, até chorei. O Carlos era uma figura extremamente especial”, confessou. Os dois se conheceram na universidade, onde construíram uma amizade que durou anos e se fortaleceu na militância pela educação.

“Fizemos muita coisa juntos, desde o diretório acadêmico até a criação da Escola Candanga. Ele era mais que um colega, era um irmão”, lembrou Jacy emocionado.

A trajetória de Carlos como professor foi marcada por sua capacidade de unir pessoas em torno do mesmo ideal.

“Ele foi meu diretor de pedagogia e sempre trouxe essa energia de transformação. Mesmo depois que nós formamos continuamos lutando lado a lado.” destacou Jacy.

A dor da perda ainda é presente, mas o amigo reforça que o legado de Carlos segue vivo. “Ele é uma fonte de inspiração eterna, tudo que faço na educação carrega um pouco do que aprendi com ele”, afirmou.

O evento do Sinpro-DF não apenas reviveu memórias, mas reacendeu a discussão sobre a violência que ainda assombra os educadores.

Para muitos presentes, a homenagem foi um lembrete de que a luta de Carlos Mota não pode ser em vão. 

Ao final da exibição do documentário, enquanto os presentes aplaudiam, ficou claro que Carlos Mota não era apenas um nome em uma placa de homenagem. Sua história, contada através de lágrimas e sorrisos, mostrou que seu legado continua vivo.

Por Mariana Menhô
Supervisão de Luiz Claudio

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