Casal de mulheres celebra primeiro dia das mães após ansiedade em processo de adoção

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Grasiele Desconsi (à esquerda) e Janaina Cavalcanti (à direita) / Crédito: Arquivo Pessoal 

Biologicamente, o tempo de gestação de uma mulher dura em média 9 meses. Mas, como contam as mamães de primeira viagem, Grasiele Desconsi, 42, e Janaina Cavalcanti, 37, o “gestar” da adoção do filho de 1 ano, durou muito mais.  

Juntas há 16 anos, o casal conta que o desejo de experienciar a maternidade tem se demonstrado desde o início da relação. 

Trajetória 

Durante a pesquisa dos métodos de concepção da Fertilização In Vitro (FIV) e a adoção, Janaina relata que tiveram dúvidas sobre “o que era mais importante naquele momento da nossa vida, se éramos ser mães ou gerar. Tivemos um acordo que era ser mães.”

Em 2021, com o apoio de familiares e amigos próximos, o casal deu entrada no processo de adoção. “Cada passo que a gente ia no processo, a gente ficava imaginando: ‘Nossa, quando que vai ser? Quando vai chegar?’”

Aos poucos, a ansiedade da chegada foi sendo permeada pela angústia da demora. Por três anos, a espera do casal trouxe desgastes emocionais. “A gente chegou mesmo a pensar em desistir”, confessa Janaina.  

Apesar dos receios de o processo não ir adiante, em 2024, ano em que pensavam largar o sonho da adoção, no dia 16 de dezembro, receberam a ligação que mudou suas vidas. 

“Foi a confirmação de que todo aquele tempo que a gente estava esperando tinha sido válido”, ressalta Grasiele. 

O primeiro encontro com o filho ocorreu no dia 18 de dezembro. 

“Naquele instante que nós tivemos o encontro com o nosso filho, tudo que tinha ao nosso redor parou…foi um reencontro de almas.”

Celebração de aniversário de um ano do filho do casal / Crédito: Arquivo Pessoal 

Adaptação 

Para as mães, o processo de adaptação com a chegada do pequeno ocorreu naturalmente. 

Em menos de duas semanas, no dia 26 de dezembro, o quarto em branco que era reservado para uma futura criança tomou cor com a chegada do bebê. 

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Grasiele conta também que elas foram muito bem acolhidas pela vara de infância, que as indicou à Organização Aconchego, que intermediou a aproximação com o filho. Para ela, o trabalho realizado pela instituição “foi fantástico.”

Elas contam que o filho estava em uma família acolhedora da Organização Aconchego.

As famílias acolhedoras são treinadas pela Vara da Infância para ajudar na adaptação de crianças em processo de adoção ou de reintegração familiar, como alternativa ao abrigo.

Adversidades

Janaina e Grasiele relataram que já testemunharam estranhamentos alheios quando se apresentam como duas mães. Uma delas foi no hospital.

Elas contam que ao darem entrada com a criança, uma pessoa da recepção afirmou que só uma poderia entrar com a criança. Contudo, outra criança havia entrado com ambos os pais.

Após explicarem que ambas eram mães do pequeno, foram liberadas a entrar juntas para o acompanhar.

“Se duas pessoas estão entrando, o pai e a mãe, então, nós duas podemos entrar já que as duas são mães.”

Questionamentos

Como quaisquer outras mães, Grasiele e Janaina têm se preparado para possíveis questionamentos que possam surgir com o crescimento do filho, como o tópico da composição familiar. 

Ambas sendo professoras, o casal acredita que o ensinamento deve ser abordado “da forma mais simples e natural possível”, e não descartam a possibilidade de acompanhamento psicológico.

“Também pensamos em questões de referência masculina”, acrescentam. Assim, considerando a influência que vem por parte dos tios e dos avós. 

Desde cedo, elas deixam claro que irão explicar ao filho suas origens adotivas e como ele chegou até sua família. “Não vamos esconder isso dele, porque é a história dele”.   

Celebração 

O processo de adoção ainda não está totalmente finalizado, mas cada data comemorativa marca a conquista de Grasiele e Janaina na maternidade. 

No dia 11 de maio, Dia das Mães, as palavras que descrevem os sentimentos que surgem ao celebrarem pela primeira vez esse tão esperado dia com o filho são “gratidão” e “união”. “Parece que tudo fica bonito ao seu redor, as coisas ficam mais felizes.” 

Por: Maria Eduarda Barros e Maria Paula Valtudes

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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