Alfabetizadores no Paranoá atuam sem pagamento

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Mesmo sem receber a ajuda de custo de R$ 800 desde o ano passado, professores voluntários do Paranoá mantêm a busca de alunos de porta em porta. Eles querem diminuir o número de analfabetos na região que tem entre os maiores índices no Distrito Federal.  Os educadores, que estão sem receber qualquer remuneração, têm um desafio diário. No Paranoá, de acordo com pesquisa recente do governo local, número significativo de cidadãos chefes de família declararam não saber ler e escrever; 22% das mulheres e 17% dos homens.

Este ano, apesar de a estrutura estar pronta, os contratos não foram renovados e as alfabetizadoras ainda  aguardam o pagamento pelos serviços prestados em 2014.  “Está tudo pronto para recomeçar as aulas. Estamos apenas esperando o edital para esse ano” afirma professora e pedagoga  da Coordenação Regional de Ensino do Paranoá Maria de Lourdes Pereira dos Santos.

Sobre o assunto, a  Secretaria de Educação do Distrito Federal  informou que já preparou a solicitação de reconhecimento de dívida por parte do governo do DF e o   pagamento está previsto para este semestre. Procurado, o Ministério da Educação não se pronunciou.

Trabalho diário

Para dar continuidade aos estudos, os alunos alfabetizados têm vaga garantida no programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), com aulas regulares até a conclusão do ensino fundamental.  A alfabetizadora Edileusa da Silva Pedrosa, que também trabalha em um supermercado e lá “prega” entre os clientes a volta à escola, acredita que a transição para o EJA apresenta para alunos mais velhos algumas dificuldades. “Um dos impedimentos para a continuidade dos estudos é a distancia da escola. Muitos são idosos e a escola do EJA fica mais distante e o período de aulas é pequeno”, relata.

De porta em porta

Atrair alunos por meio da chamada “Busca Ativa” é o caminho utilizado pelos professores voluntários no Paranoá, que saem de porta em porta para encontrar pessoas não alfabetizadas. O objetivo é encontrar moradores do local, que tem o maior índice de analfabetismo entre mulheres chefes de família, que, por vergonha, desinformação ou falta de oportunidade nunca estudaram  ou tiveram que abandonar a escola.

O procedimento há muito utilizado na região, passou a funcionar de forma mais organizada, a partir do momento em que o governo do DF incorporou o combate ao analfabetismo  nas suas políticas públicas. O que antigamente era feito de forma amadora pela comunidade e pelos movimentos sociais, passou a contar com o apoio dos governos federal e do DF.

Edileuza: distância da escola atrapalha alunos
Edileuza: distância da escola atrapalha alunos

Matrícula em casa

Os educadores garantem que a abordagem é feita de forma humanitária e cria no interessado coragem  para enfrentar o processo de aprendizagem.  A ideia é que a conversa seja amigável, em clima acolhedor e de confiança. Logo depois que são prestados os esclarecimentos necessários, é feita a matrícula no ato.

De acordo com a Secretaria de Educação do DF, o profissional alfabetizador desenvolve atividades como voluntário no Programa DF Alfabetizado, assina um termo de cooperação e recebe  ajuda de custo no valor  de R$ 800,  sem vínculo empregatício. Metade é paga pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC)  e a outra, considerada complementação da bolsa,  é repassada pela SEDF.

 

REMUNERAÇÃO

 

A Coordenação Regional do Ensino do Paranoá monitora o processo de alfabetização e os dados produzidos são passados para a CEjad.- Coordenação da Educação de Jovens e Adultos do GDF,  que  registra o numero de alfabetizados para saber quantos serão incorporados ao EJA. Cinco turmas já foram criadas para receber os alunos do DF alfabetizado no Paranoá.

 

INCLUSÃO DIGITAL

“A alfabetização em linguagem de informática, em breve vai fazer parte do nosso trabalho”, afirmam as alfabetizadoras Vilma Alencar Oliveira e Lourinete Feitosa.  A pedagoga Maria de Lourdes Pereira dos Santos relembra que, há dois anos, os professores começaram esse aprendizado timidamente com duas turmas. “Tinha  gente com medo até de pegar no computador, só os filhos usavam. Estamos familiarizando as pessoas com  o mundo digital. Estamos trazendo esta ideia para a regional” .

 

Por Helena Azeredo

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