Menores estrangeiros trabalham no centro

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Flor veio do Peru para Brasília desde o começo do ano. Ela possui apenas 15 anos, mas já completou o ensino fundamental em seu país. Ela disse ter vindo para ajudar o irmão que já está no Brasil há mais de seis anos a trabalhar, e pretende voltar para sua terra daqui dois meses para poder se formar no Ensino Médio. “A gente vai pra São Paulo comprar roupas e depois volta pra vender de novo aqui. Por semana tem um lucro R$ 500. Tudo custa R$ 35” disse Flor.

O horário de chegada dos comerciantes começa às 12h, quando a fiscalização vai embora e eles podem armar as tendas e barracas de venda. Das 12h até às 14h eles vendem. Depois saem e vão almoçar. Voltam 17h para as vendas e ficam até a Rodoviária do Plano Piloto esvaziar. Vão para o mesmo local aos sábados porque a fiscalização não aparece nesse dia. Não existe lugar marcado e ninguém briga por isso também.

Diretamente da Venezuela, o vendedor não quis revelar o nome, vive próximo ao Shopping Conjunto Nacional. Ele vende cartões de celular e diz que consegue lucrar por mês, R$ 50 em média. “A gente tem que esperar e ver o que acontece. Eu vendo ligações, cinquenta centavos o minuto, então tem que ter muito cliente” afirmou. “Tem mês que não consigo ganhar dinheiro nem pra comprar um refrigerante, então tenho muita fé em Deus pra superar os problemas” certificou.

“Mesmo fazendo planejamento pra vida ou pra semana a gente sempre tem alguma coisa nova. Por exemplo, eu nunca esperava conversar com você e você provavelmente não tinha planejado falar comigo. Então vamos sempre tranquilos e esperar as coisas boas acontecerem.” O comerciante não planeja voltar para o país natal.

Carlos que veio do Peru vive uma realidade pouco agradável. Ele vende peças de roupa na rua que leva a ponta da CONIC à ponta do Conjunto Nacional. “Quando vim pra cá, pensei que ia conseguir um emprego de costureiro, que é o que eu sei fazer, mas ninguém quis me contratar, ai vim pra cá” admitiu.

Carlos tem o sonho de comprar uma máquina de costura para não ter mais que ir para São Paulo comprar as roupas e voltar pra Brasília. “Com a máquina de costura que custa uns R$ 1.800 eu vou poder fazer as roupas e ter um lucro bom”.

Sobrevivência. Essa é a palavra que Carlos usa para definir o lucro que chega à R$ três mil mensais. Como existe o custo da viagem e também o dinheiro que tem que ser gasto nas roupas o lucro não é tão grande. “Uma vez quando estava voltando de São Paulo, cheguei em casa e tinham roubado todo o dinheiro que eu estava guardando pra comprar a máquina de costura, ai tive que começar tudo do zero de novo” relatou. Um senegalês que não quis se pronunciar sobre nada, apenas disse não temer a fiscalização.

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