Mais de 15 ciclistas mortos no DF, aponta Detran

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Embora seja uma cidade planejada, no caos do trânsito diário, não apenas entre as asas norte e sul, acidentes envolvendo bicicletas têm manchete garantida nos jornais candangos. Até o abril de 2015, 15 mortes de ciclistas em Brasília foram registradas pelo Detran DF. Para Renata Florentino, secretária institucional da ONG Rodas da Paz, “carros recebem mais benefícios no espaço viário da cidade. Essa prioridade tem de mudar”, levando em consideração que há mais pessoas circulando a pé, de ônibus e de bicicleta do que dentro de carros.

“Em 2014, o número de ciclistas mortos no DF foi o menor dos últimos 10 anos e representou uma redução de 18,5% em relação a 2013”, relata Assessoria de Comunicação do Departamento de Trânsito do Distrito Federal. Ainda assim, não chegamos a julho e o número de acidentes fatais já ultrapassa a metade do ocorrido no ano anterior (22 mortes).  A organização Rodas da Paz acredita a cobertura midiática sobre fatalidades de ciclistas está abrindo os olhos da população. Contudo, Renata Florentino afirma “defendemos a ideia da Visão Zero”, ideia surgida na Suécia de tolerância zero com mortes no trânsito.

De acordo com os dados preliminares do Detran DF até abril de 2015, nove dos 15 acidentes ocorreram em vias urbanas (Detran), contra 10 em 2014. Até o mês da Páscoa, cinco dos casos aconteceram nas DFs (DER) e um em BR (PRF e Dnit). No carnaval deste ano foram dois ciclistas mortos, enquanto em 2014 e 2013 foi um acidente fatal por ano, durante o mesmo feriado. O informativo “Acidentes com morte envolvendo bicicletas” do ano passado mostra que o comportamento do motorista em relação ao ciclista permanece o mesmo. Colisão entre automóveis e bikes foi responsável por 91,5% dos 153 casos fatais entre os anos 2010 e 2014.

Para Renata Florentino, alguns condutores apresentam postura hostil e acreditam que a construção de ciclovias em algumas áreas da capital é justificativa para retirar ciclistas da rua. “Falta campanhas educativas para explicar que os ciclistas têm direito de andar na via”, explica secretária institucional da ONG.

Durante o primeiro trimestre de 2015, aproximadamente 1,01% do valor total arrecado por meio de multas de trânsito (R$ 16.828.176,02) foi utilizado em campanhas educativas (R$ 171.350,45). Dos 12 itens informados no “Demonstrativo dos gastos das áreas finalísticas”, o gasto com campanhas educativas foi o quarto menos investido.

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Se beber, não dirija

No mês do movimento, quatro ciclistas sofreram acidente, sendo que três deles foram fatais. Para Renata da “Rodas da Paz”, o excesso de velocidade e embriaguez por parte de condutores são dois dos motivos que aumenta o número de morte de ciclistas.

De janeiro a março, foram 2.814 condutores alcoolizados, conforme relatório do DETRAN. Durante o primeiro fim de semana do Movimento Maio Amarelo, que propõe ações para redução de acidentes de trânsito, o órgão autuou 95 motoristas que dirigiram após ingerir bebida alcoólica.

Pedestres

A realidade daqueles que optam pela bicicleta para locomoção é carente. Falta de iluminação, de continuidade e de exclusividade nas ciclovias são algumas das reclamações. Embora pedestres não possam trafegar nas ciclovias, é comum vê-los presentes por lá.  Elizabete Pereira, empregada doméstica, caminha pela ciclovia do eixo monumental sem saber que a área é exclusiva para bicicletas “o asfalto é melhor para andar”, justifica.

Por enquanto, não há ações que possam ser movidas para retirar pedestres de ciclovias ou ciclofaixas.  Segundo o Código de Trânsito, pedestres têm prioridade sobre ciclista e ciclistas têm prioridade sobre outros veículos:

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas:

         2º Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os          motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.

Tecnologia ajuda ciclistas

Para ajudar na locomoção via bicicleta, o GDF lançou em 2014 o aplicativo CiclovidaDF. Sobre a utilidade do software, a descrição diz “ajuda você a aproveitar todo o potencial do seu estilo de vida sobre duas rodas no Distrito Federal”.

Ao explorar o “app”, entre dicas e rastreio via GPS, o usuário pode observar a malha cicloviária da Capital Federal disponível e em construção. Tendo em vista que, segundo a Secretaria de Mobilidade Urbana, são 411 km de ciclovias na cidade e pretendem construir mais 238 km nos próximos anos.

Após o movimento “de bike ao trabalho” (dia 8 de maio), o morador da quadra 413 sul, Roberto Souza diz que adotou o meio de transporte, mas não conhece o aplicativo CiclovidaDF. “Trabalho no setor bancário norte, o caminho é complicado, mas consigo chegar”, afirma Roberto.

Além disso, o aplicativo contém dicas dadas por outros usuários. Por exemplo, na quadra 201 da asa norte, há um aviso desde o dia 30 de maio de 2014 alertando que não há acesso ao centro da cidade “onde seria mais importante ter estrutura para o deslocamento por bicicleta”, reclama o ciclista. Perto da CAESB, na Via L4 Norte, outro alerta “ciclovia interrompida, sem continuidade”. “Ciclovia sofre interrupção súbita em frente a balão. Travessia perigosa”, alerta a exclamação vermelha na W5 Norte, perto da quadra 902.

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Texto/Arte: Fernanda Roza

 

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