“O Último Azul”: filme nacional vencedor do Urso de Prata traz distopia sobre envelhecimento e autoritarismo

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O filme “O Último Azul”, chega aos cinemas na quinta-feira (28/8). O longa, que já conquistou o Urso de Prata no Festival de Berlim, foi destaque em festivais de cinema ao redor do mundo, incluindo Cartagena de Las Índias, Buenos Aires e Sydney.

Escrito e dirigido por Gabriel Mascaro (“Boi Neon” e “Divino Amor”), o filme apresenta uma visão crítica da realidade brasileira contemporânea. O longa explora temas como autoritarismo e resistência individual de forma profunda e perturbadora. Com uma narrativa envolvente e uma direção precisa, “O Último Azul” promete ser uma experiência cinematográfica impactante e reflexiva.

Foto: Divulgação

Trama

O filme aborda a história Tereza, uma mulher de 77 anos que se recusa a ser enviada para uma colônia de idosos pelo governo e decide realizar seu último desejo, embarcando em uma jornada pelos rios da Amazônia.

Ao longo do caminho, ela encontra personagens que ampliam sua visão de mundo e desafiam sua perspectiva de vida e desencadeia uma reflexão profunda sobre a condição humana e a sociedade em que vive.

Direção e roteiro

A direção de Gabriel Mascaro em “O Último Azul” apresenta uma abordagem única e sofisticada. O filme se destaca pela fotografia e pela direção de arte meticulosa, que coloca a Amazônia como um personagem vivo dentro da história.

A narrativa é conduzida de forma bem sutil, o que permitiu que a protagonista Tereza tenha uma jornada de autodescoberta e empoderamento.

O roteiro de Mascaro é intrigante por sua complexidade e nuances, apresentando uma distopia que não é futurista, mas sim um reflexo de realidades que já se desenrolam no Brasil.

A história evita sentimentalismo fáceis, optando por uma abordagem mais contemplativa e reflexiva. A caracterização de Tereza é impressionante, apresentando uma mulher de 77 anos que desafia as expectativas sociais e encontra sua própria liberdade.

Os personagens secundários também desempenham um papel importante na narrativa, o que interagiu com a protagonista de forma natural e orgânica. Eles ajudam a revelar diferentes facetas da sociedade e da condição humana, e isso adicionou profundidade à história.

Atuações

O elenco do filme funciona entregando soluções narrativas. Denise Weinberg traz em Tereza, uma atuação que transmite a determinação e a vulnerabilidade de uma mulher que se recusa a aceitar seu destino.

O ator Rodrigo Santoro, apesar de breve no filme, faz de Cadu um personagem marcante e importante no longa, muito graças à sua presença carismática.

Outro destaque é a atriz Miriam Socarrás que traz uma atuação calorosa e empática para Roberta, criando uma conexão instantânea com Tereza. A amizade entre as duas é um dos pontos altos do filme, como o momento de solidariedade e apoio que podem surgir entre pessoas de diferentes origens.

No geral, o elenco de “O Último Azul” entrega performances convincentes que complementam a direção de Gabriel Mascaro e a rica narrativa do filme. A atuação de Denise Weinberg, em particular, foi elogiada pela crítica internacional, destacando sua capacidade de trazer nuances à personagem Tereza.

Técnica

A técnica no filme é notável, com uma combinação harmoniosa de elementos visuais e sonoros que enriquecem a narrativa. Os efeitos visuais são sutis e eficazes, e isso integra à narrativa sem chamar atenção indevida para si mesmos.

A trilha sonora complementa a atmosfera do filme, embora não seja particularmente memorável.

No entanto, ela desempenha um papel importante em enfatizar os momentos emocionais e tensos da história. A combinação de som e imagem cria uma experiência imersiva para o expectador, permitindo que a narrativa seja absorvida de forma mais profunda.

Ficha técnica

  • Direção: Gabriel Mascaro.
  • Roteiro: Gabriel Mascaro, Tibério Azul, Murilo Hauser.
  • Data de lançamento: 28 de agosto de 2025.
  • Duração: 1 hora e 27 minutos (87 minutos).
  • País de origem: Brasil
  • Gênero: Ficção científica, fantasia.
  • Elenco: Denise Weinberg (Tereza), Rodrigo Santoro (Cadu), Miriam Socarrás (Roberta).

Por Átila Lustosa*
O repórter assistiu à pré-estreia do filme a convite da Espaço/Z

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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