Protestos em Brasília: ativistas defendem que mais jovens devem abraçar debate político

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Engajamento e ativismo empolgaram milhares de manifestantes, neste domingo (21), em Brasília para protestar contra as propostas de emenda à Constituição da Blindagem e da Anistia. Ambas tramitam no Congresso Nacional. Brasilienses de diferentes idades defenderam que é papel dos mais jovens abraçar debate político.

Secretário da Juventude da Central de Movimentos Populares de Brasília (CMP), Lucas Silva explica que a política deixou de ser um tema restrito a poucos e hoje é debatida amplamente, refletindo um engajamento maior da população.

“A gente está passando por um processo de politização de massa da sociedade. Agora, todo mundo debate política”, comemora.

Em qualquer mesa de bar que você chega, o povo está falando de política.”

Ele ressalta que o desafio não está em discordar, mas em compreender os projetos que cada lado defende.

Lucas Silva é ativista

“O problema não é pensar diferente, o problema é entender qual projeto cada lado defende. Acho que a juventude, inclusive, tem essa tarefa de abraçar o debate político para si e começar a fazer esse processo de construção política, de defender a sua opinião e mostrar qual o tipo de projeto que a gente acredita para o Brasil.”

A PEC da Blindagem estabelece que qualquer ação penal contra parlamentares só poderá ser aberta com autorização prévia do Congresso Nacional. A PEC da Anistia prevê perdão aos envolvidos aos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O movimento que convoca o ato também critica a tentativa de anistiar os condenados pelos ataques do 8 de janeiro de 2023.

Indignação

Para os manifestantes, a indignação com as propostas debatidas em Brasília é o principal combustível da mobilização. Foi o que destacou Wagner Sampaio, 56 anos, que expressou indignação. Segundo ele, as propostas em tramitação no Congresso representam um retrocesso perigoso. 

O que está acontecendo hoje no congresso é uma vergonha. Os parlamentares deveriam dar exemplo, defender o interesse do povo. Em vez disso, estão empurrando uma pauta que só favorece a eles mesmos”, afirmou Sampaio.

Logo ao lado, Ronaldo Barbosa, também de 56 anos, pernambucano e morador do Distrito Federal, compartilhou do mesmo sentimento de revolta, mas ressaltou ter esperança ao descrever o que viveu durante o protesto.

Quando há mobilização, há pressão, e é isso que pode barrar essas medidas absurdas. O povo unido tem a força e foi o que eu senti hoje, orgulho. Orgulho de ver tanta gente mobilizada, ver jovens, pessoas com deficiência, todo mundo lutando por um país melhor”.

Ronaldo Barbosa e Wagner Sampaio (no meio), ao lado de amigos após o protesto.

Participação

Para ele, a participação ativa é indispensável para transformar realidades. “Eu fico muito feliz em poder estar presente aqui nessa manifestação, em poder representar as bandeiras que eu acredito mas, mais do que isso, em ver o povo brasileiro se engajando, porque ou a gente se engaja na política ou vive refém dela.”

Na visão dos manifestantes, a disputa vai muito além de uma simples votação, é uma luta pela justiça, pelos direitos e pela democracia. Eles veem nas propostas em discussão um retrocesso que busca silenciar o povo e proteger políticos que cometem crimes.

Gasparina Machado, 42 anos, resume bem o sentimento de impunidade que surge com a proposta descrita pelo projeto e faz denúncia do impacto que ele pode ter sobre as camadas sociais desfavorecidas.  

 “Essa PEC é contra nós: os pobres, os negros, os menos favorecidos. Eles odeiam a gente, não fazem nada por nós. Essa proposta é feita para proteger os deles e deixar a gente de lado”, exalta. 

Apesar do clima de indignação, a manifestante reforça que essa é apenas a primeira etapa de uma mobilização que ainda está longe de acabar.

 “Isso aqui é só o início. A luta continua. Eu acredito sim que essa manifestação de hoje vai fazer diferença. Grandes mudanças começam com movimentos assim. Se a gente não lutar agora, vão passar por cima de tudo.”

Por fim, ela alerta que não basta eleger um presidente se o Congresso continuar dominado por interesses contrários à população. Quanto aqueles que ainda estão em dúvida sobre a PEC, Gasparina sugere que busquem se informar o quão antes.  

Tem muita gente que não sabe do que se trata essa PEC, não pesquisou, não entendeu. Estão em cima do muro. Meu conselho é: se informem. Leiam, conversem, venham pra rua. Porque esse projeto atinge todos nós.”

Gasparina Machado segura a Bandeira do Brasil.

Por Maria Paula Valtudes e Riânia Melo.

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira 

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