A jogadora Mariah Figueiredo, de 14 anos, surda oralizada, usuária de aparelhos auditivos, foi convocada para a surdolimpíada internacional que vai ocorrer em Tóquio nos dias 15 de novembro até 26 do mesmo mês para participar do time de vôlei do Brasil. “Fiquei muito surpresa, tipo, surdolimpíadas? Tóquio? Isso é mesmo possível? Minha mãe, meu pai e meu irmão ficaram muitos felizes e orgulhosos”, exclamou Mariah.

(Mariah na competição de Chapecó/SC)
Ela é de uma família composta por uma mãe ouvinte, pai e irmão mais novo, ambos surdos. Desde pequena, teve incentivo pela família e pelos amigos para continuar praticando algum esporte. Começou a jogar vôlei com 12 anos de idade por conta de um amigo próximo e se apaixonou pelo esporte.
A jogadora comenta que tem um sonho, antes de terminar o ensino médio, pretende participar dos máximos campeonatos importantes dos ouvintes e surdos.
A jovem atleta tinha participado pela primeira vez na competição nacional de vôlei de surdos em Chapecó (SC) nos dias 6 e 7 de setembro, o time do DF ficou em terceiro lugar. Ela comenta que se divertiu bastante nos jogos e conheceu bastantes surdos, uma coisa que nunca tinha visto.
“Como não falo língua de sinais, tive um pouco de dificuldade, mas esse desafio foi muito divertido”, acrescenta a atleta.

Nos dias que ela esteve na competição, acabou fazendo bastantes amizades e ganhou até um apelido: “a menina dos 14 anos”. Ela comentou que acha que os jogos com surdos bem silenciosos, só tem barulho de bola.
Marina Figueiredo, mãe da Mariah, comenta que conheceu a Federação dos surdos do DF por meio do Centro de Referência Paralímpico Brasileiro (CETEFE) pois tinha levado seu filho mais novo para fazer uma avaliação.
Ela aproveitou perguntou a eles se tinham conhecimento sobre um time de vôlei para surdos, soube do vôlei através do treinador da Mariah no clube Nipo, e eles foram atrás da informação e mandou contato de uma pessoa veiculada à FBDS (Federação Brasiliense Desportiva dos Surdos).

Oportunidade “extraordinária”
Marina comenta que sentiu uma alegria indescritível quando recebeu mensagem do treinador da seleção de vôlei dos surdos brasileira convocando a filha. “Ter uma oportunidade dessas aos 14 anos é algo muito extraordinário e saber o quanto ela ama esportes e se dedica ao vôlei”, acrescenta a mãe.
Durante a competição em Chapecó, ela percebeu que a filha começou ter um desejo crescente de aprender a Língua Brasileira de Sinais e ensinar a língua para outras pessoas.
A partir do momento em que receberam a convocação, Marina estimulou a filha para fazer musculação para ampliar o fortalecimento muscular para melhorar mais ainda o seu desempenho e evitar chances de lesões. “Mariah é uma menina muito determinada e focada no que quer, e isso sempre foi algo que eu admirei nela”, comenta a mãe.
A mãe diz que acha importante que os pais que têm filhos surdos incentivem seus próprios filhos a se engajarem no esporte. “O esporte é uma ferramenta muito valiosa de desenvolvimento pessoal e social”, argumenta Marina. E é com esporte que se aprende a lidar com os próprios limites e capacidades e dos outros. “Isso é maravilhoso! É o que precisamos para encararmos a vida com força e coragem!”, acrescenta a Marina.
Por Natalia Francescutti
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira