Preso por 26 anos, ele provou inocência e dá palestras

COMPARTILHE ESSA MATÉRIA

Preso por 26 anos, o americano Dewey Bozella contou sua história em visita recente ao Brasil, na Conferência Integrada ICCYBER e ICMedia.  Ele, que foi acusado injustamente de assassinar uma mulher de 92 anos de idade, ressaltou a importância da realização de exames de DNA em provas durante uma investigação, para que injustiças, como a que aconteceu como ele, possam ser evitadas.

Assista à entrevista

Em 1989, Bozella foi condenado à prisão perpétua por assassinato, sem que houvesse nenhuma evidência contra ele.  Durante os 26 anos em que ficou preso, entrou no programa de boxe, terminou sua graduação e realizou mestrado dentro da cadeia. “Bem, eu tive que aprender a seguir em frente”, contou ele. “Tive que aprender a pegar uma situação ruim e transformá-la em boa. Eu tento passar para as outras pessoas que se elas aprenderem como perdoar, a vida delas vai se tornar muito mais fácil”. Bozella acredita que se ele tivesse permitido que a raiva e a frustação fossem superiores à sua integridade e à sua vontade de provar sua liberdade, então esses sentimentos se voltariam contra ele para destruí-lo, ao invés de lhe ajudarem. “Se você não consegue nem ter paz consigo mesmo, então isso significa que você não consegue ter paz com outras pessoas”.

Durante onze anos, nada mudou no caso de Bozella. Ele permaneceu na cadeia até que finalmente teve a chance de passar pelo conselho de liberdade condicional. No entanto, o conselho queria que ele confessasse o crime, em troca de liberdade. “Eu não conseguiria me olhar no espelho se confessasse um crime que não havia cometido”, explicou Bozella. Quando chegou a esse ponto e Bozella mais uma vez tentou provar sua inocência, descobriu que todas as evidências relativas a seu caso haviam sido destruídas ou haviam sumido misteriosamente.  Durante os anos seguintes,  não houve nada que Bozella pudesse fazer para sair da cadeia. Até que finalmente, em 2009, depois de conversar com o policial que o prendera quase trinta anos atrás, os advogados de Bozella conseguiram as evidências necessárias para libertá-lo.

“Bem, eu acho que erros como esse vão acontecer, de uma forma ou de outra, com certas pessoas; e essa é simplesmente a forma como a lei funciona”, comentou Bozella. “As pessoas precisam ser justas. Se as pessoas forem apenas isso, justas, e fizerem o que é correto, então na maioria das vezes será possível evitar que as pessoas inocentes sejam presas”, comentou Bozella. “Mas se uma pessoa fizer algo apenas para se promover, ou fizer algo por pura maldade, então essa pessoa está errada, e foi exatamente isso que aconteceu comigo”.

Bozella também falou sobre a dificuldade que foi olhar para a sua situação de vida por uma perspectiva diferente. “Se eu não tentasse enxergar tudo por outro ponto de vista e se eu não deixasse toda a raiva para trás, então eu iria decepcionar todas as pessoas que me amavam, todas as pessoas que estavam se esforçando para me libertar”.

 

A conferência integrada

 

A Conferência Integrada reuniu duas conferências – a ICCYBER, Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos, e a ICMEDIA, Conferência Internacional de Ciências Forenses em Multimídia e Segurança Eletrônica. Os principais temas discutidos foram relacionados ao combate e às perícias de crimes pela internet como pedofilia, crimes contra o sistema financeiro, crimes contra a honra e crimes contra direitos humanos.

O perito criminal Evandro Lorens, um dos responsáveis pela organização do evento, explicou sobre os objetivos da conferência. “Um dos objetivos que a gente considera mais importante é o de mostrar um pouco para a sociedade o que é o trabalho da perícia, qual é a importância do trabalho da perícia para a realização da justiça”, explicou Lorens. Além disso, o perito comentou que o evento também teve como objetivo levar para o público de interesse, a oportunidade de lidar com pessoas importantes que pesquisam e trabalham na área da perícia e são especialistas no assunto.

A história de Bozella, explicou Lorens, foi um exemplo importante para ilustrar a importância da perícia criminal da hora de uma investigação. “Então quando o perito faz o trabalho dele, em cima dos vestígios materiais e dos crimes que ocorreram, ele contribuiu para inocente seja solto e para que o culpado seja condenado.”

Por Bruna Goularte

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.

Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.

Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.

SemDerivações — Se você remixar, transformar ou criar a partir do material, você não pode distribuir o material modificado.

A Agência de Notícias é um projeto de extensão do curso de Jornalismo com atuação diária de estudantes no desenvolvimento de textos, fotografias, áudio e vídeos com a supervisão de professores dos cursos de comunicação

plugins premium WordPress