“Wicked II: For Good”, que chega aos cinemas brasileiros em 20 de novembro, já desponta como um dos títulos mais promissores para a temporada de premiações do próximo ano.
A aguardada continuação aprofunda debates políticos e éticos que estavam apenas insinuados no primeiro filme, entregando uma narrativa onde mídia, poder e manipulação caminham de mãos dadas, e onde a verdade, ironicamente, é o maior perigo.
Desde os primeiros minutos, o longa deixa claro que a figura de Elphaba não é apenas a “Bruxa Má do Oeste”, mas o alvo perfeito de um governo corrupto que utiliza a imprensa como arma para moldar percepções e produzir consensos, Madame Morrible é a imagem da fake news, ou melhor dos boatos. A Oz “maravilhosa” do título original ganha camadas sombrias: seu mágico é menos mágico e mais picareta, sustentado por lábia e propaganda, enquanto deslegitima qualquer voz que ameace seu controle.
A nova Elphaba que vemos aqui é movida por justiça social. Sua luta pelos direitos dos animais (que no universo de Oz inclui a própria possibilidade de falar e conviver) ganha um peso político comovente.
Ela se mantém fiel a um ideal de lar, enquanto enfrenta uma sociedade que prefere a ilusão do espetáculo à realidade da opressão.
Do outro lado, Glinda encarna o arquétipo perfeito da “Garota boa da bolha”: sonhadora, luminosa e positiva até o excesso.
No entanto, sua postura revela muito mais do que otimismo; funciona como uma cortina de fumaça conveniente ao governo, desviando a atenção das arbitrariedades contra os animais. Presa entre a lealdade à melhor amiga e a necessidade de permanecer adorada pelo povo, Glinda tenta conciliar mundos que jamais foram compatíveis.
Glinda é uma personagem com um desenvolvimento maduro e conclusivo. Além de claro, o triângulo amoroso entre Glinda, Elphaba e Fiyero retorna com força dramática e mais maturidade emocional.
Fiyero, aliás, sofre uma transformação que surpreende. O jovem despreocupado que dançava na Ozdust no primeiro filme dá lugar a um homem movido por amor e determinação, disposto ao impossível para salvar Elphaba, mesmo que isso custe sua própria humanidade, culminando em sua metamorfose.
Outra personagem que ganha desenvolvimento é Nessarose, irmã mais nova de Elphaba. Carente, egocêntrica e tomadora de decisões desastrosas, Nessa se revela uma governante autoritária após a morte do pai. Por paixão obsessiva por Boq, oprime os munchkings e os priva de direitos, numa representação amarga do poder exercido através de inseguranças pessoais.
Confira o trailer
Para os fãs do clássico O Mágico de Oz (1939), o filme entrega um banquete de referências.
Das meias listradas da Bruxa Má do Leste à icônica cena da água derretendo a bruxa má do Oeste, passando por discretas alusões a “Over the Rainbow”, o longa preserva uma ponte carinhosa com o original.
Dorothy aparece ligeiramente (só o necessário) enquanto seus companheiros têm interpretações renovadas: o Leão se torna covarde por um mal-entendido, o Homem de Lata exibe uma fúria explosiva, e o Espantalho… bem, vale aguardar o plot twist.
No quesito adaptação, Jon M. Chu demonstra respeito absoluto ao musical. Momentos marcantes, como a briga entre Glinda e Elphaba ou o romance entre Elphaba e Fiyero, são retratados com fidelidade e rigor cinematográfico. As músicas clássicas permanecem grandiosas e ganham interpretações poderosas. Contudo, a inclusão de duas novas canções soa irregular. “Girl in the Bubble”, em particular, apresenta letra fraca e melodia pouco memorável, não acrescentando nada significativo à trama.
Vocalmente, Ariana Grande impressiona ao atingir notas quase sobre-humanas, enquanto Cynthia Erivo consolida-se como um dos vozeirões mais impactantes da atualidade. O dueto das duas em “For Good” é de arrepiar e facilmente rivaliza ou supera os momentos mais icônicos do primeiro filme.
Com fotografia deslumbrante, figurinos exuberantes e temas socialmente relevantes, Wicked II: For Good é um espetáculo visual e emocional. Entrega crítica social, romance, vilania complexa, humor e uma amizade marcada por dilemas éticos intensos. É, acima de tudo, um filme que deve surpreender, especialmente pelo desfecho, que deixa uma pergunta ecoando: Todo bem têm o seu preço?
Ficha Técnica
- Direção:
John M. Chu - Duração:
137 min - Gênero:
Fantasia, Musical, Romance - Distribuidor:
Universal Pictures Brasil - Data de lançamento:
20/11/2025
Por Danyelle Silva
A repórter assistiu ao filme a convite da Espaço/Z
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira


