A família de Thalita Marques Berquó Ramos, de 36 anos, assassinada em janeiro deste ano, teve um momento especial neste final de semana (29), durante o plantio de mudas na mobilização “Bosque da Vida – Árvore da Vida”. A tia de Thalita, Glaucia Berquó participou do evento “Relembre nossos nomes: bosque da vida”, no Parque Ecológico Águas Claras. Mudas de ipês levaram os nomes de vítimas de feminicídio em 2025.

“A gente morre um pouco todos os dias, são projetos como esse que fazem com que a gente clame por justiça e nunca esqueça da memória de Thalita”, comentou Glaucia Berquó.
O evento foi promovido pelo Instituto Viva Mulher e teve o propósito do evento de conscientizar, prevenir, orientar e sensibilizar a sociedade acerca da epidemia da violência de gênero e feminicídio no Brasil.
O instituto conta com a parceria do Ceub e é composto por alunos e docentes dos cursos de direito, enfermagem, psicologia e nutrição.
A mobilização contou com falas das deputadas Erika Kokay (PT) e Dayse Amarilio (PSB), além de docentes responsáveis pelo projeto, sobreviventes e administradores de Águas Claras.
Sobreviventes
Entre as sobreviventes de tentativa de feminicídio presentes no ato, estavam Ada Torres. Ela lamenta que, quando queria fazer denúncias em delegacias, chegou a receber a orientação para dar ao agressor mais uma chance.
“Quando eu passei a me amar, eu entendi que nenhum relacionamento abusivo na minha vida, nenhuma história nessa trajetória poderia me fazer ou ser uma mulher trágica”. Para Ada, mobilizações como essas empoderam mulheres, sem ter medo de seguirem em frente e ter voz.

Facadas
A bacharel em direito Ana Cléia Holanda foi a primeira vítima de tentativa de feminicídio em 2020. Ana levou facadas na região da cabeça e teve a tíbia perfurada em três locais, além de sofrer a perda total da audição do lado direito, perda do movimento do braço e mão direitas e estresse pós-traumático.
Ela relata que não recebeu o apoio necessário, além de sofrer constrangimentos. O agressor de Ana foi denunciado inúmeras vezes por ela. Quando o caso chegou a júri popular, foi qualificado apenas como tentativa de homicídio por ser casada com o autor do crime.
“Lutei muito para minhas demandas serem resolvidas na defensoria pública, muitas vezes lutei com depressão para chegar até lá. Precisamos ajudar mais mulheres a se levantarem!”

Recomeço
A responsável pelo projeto e memorial, Lúcia Bessa, explica que o projeto fomenta o empreendedorismo como ferramenta para romper o ciclo da violência e integra a academia ao projeto, que realizará pesquisa para traçar o perfil sociodemográfico das vítimas de violência e feminicídio.
“O projeto estabelece uma aliança entre a comunidade e os familiares afetados por essa violência, que tem ceifado vidas de mulheres em todo o mundo, com particular impacto no Distrito Federal. Este projeto também homenageia as mulheres que dedicam suas vidas ao cuidado de outras mulheres, reconhecendo a importância e a preciosidade de seu trabalho”.
Para ela, serve como um chamado à sociedade para que se una a este movimento pela paz e, ao mesmo tempo, presta homenagem à memória das mulheres vítimas de feminicídio, garantindo que suas histórias de vida e luta não sejam esquecidas. “A lembrança dessas mulheres é fundamental, pois seus destinos nos alertam sobre a importância de valorizar o trabalho das que atuam na proteção e apoio a outras mulheres.”
O Instituto Viva Mulher, organizador da iniciativa, integra a rede de proteção a mulheres vítimas de violência no DF e mantém presença ativa no Instagram, no perfil @institutovivamulher, além de informações disponíveis em seu site oficial.
Por Ana Carolina Rubo
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira


