Única Casa de Parto do DF é restrita a região

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Apenas gestantes de São Sebastião e do Paranoá podem realizar o atendimento na Casa de Parto do Distrito Federal (DF). A chefe da unidade de saúde, enfermeira obstetra Jussara Vieira, acredita que as mulheres devem começar a cobrar a melhoria de outros espaços de atendimento a gestante. “A mulher tem que cobrar, deve ser um agente de mudança”, afirma. Neste ano, a Casa tem realizado, em média, 42 partos por mês. Jussara acredita que a nova portaria (047/2014) irá garantir a qualidade no atendimento.

A norma define que a gestante deverá fazer o parto no hospital referência da região administrativa onde a paciente fez o pré-natal. Com isso, muitas mulheres ficaram receosas em não poder serem atendidas na Casa de Parto de São Sebastião; única de Brasília.

Experiência

O professor Luís Miranda, 33 anos, relata que a Casa de Parto tem um atendimento de excelência e diferenciado. “É um serviço o qual você não consegue achar em nenhum outro lugar. É muito triste essa restrição”, diz. Ele conheceu o local em março de 2014, quando acompanhou a esposa que teve o parto no local.

O professor conta que ao chegar a unidade, ficou surpreso com a estrutura. “Eles possuem diversos instrumentos para as gestantes. O pessoal que nos atendeu foi ótimo também, nos acalmaram e, além disso, nos passaram confiança, qualificação”, comenta.

A preocupação de Luís Miranda em relação aos hospitais é a preparação do profissional. “O médico pode não ter tido o treinamento adequado para conduzir um parto. Pode ter tido preparo para realizar uma cirurgia. Conduzir um parto é uma habilidade a qual eu nem sempre confio que um médico terá”, afirma.

Luís acredita que essa decisão deveria ser melhor discutida. “Entendo que queiram organizar para tornar mais eficiente, contudo irá fazer falta para muitos. Enquanto não houver outra opção do mesmo nível, deveria ficar aberto para todos”, fala, insatisfeito.

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Sala de atendimento ao recém-nascido na Casa de Parto de São Sebastião. Foto: Daniella Bazzi

A Casa

Jussara Vieira, 43 anos, é chefe da Casa de Parto de São Sebastião desde 2001. Ela conta que não há plano de expansão para a Casa, pois a unidade é credenciada pela Rede Cegonha para que a mulher realize do pré-natal até a alta.

Jussara afirma que a implementação da Portaria nº 47 foi positiva para a organização do local. “Essa portaria possibilitou o ordenamento do fluxo. Não é viável querer atender a todos aqui”, diz. Ela reconhece que muitos têm a Casa de Parto como referência no atendimento, mas acredita que com a portaria as maternidades de outras regiões possam, além de melhorar o serviço, se destacarem também.

É a única opção?

A Secretaria de Saúde informa que devido a problemas de superlotação, a direção do Hospital Regional do Paranoá (HRPa) decidiu pelo não recebimento de pacientes que fizeram acompanhamento em outra regional. Com isso, a Casa de Parto de São Sebastião decidiu não atender gestantes vindas de regionais que não forem de São Sebastião ou Paranoá, pois não conseguiria enviar em tempo hábil e seguro gestantes para o hospital de referência, no caso o HRPa. Os casos em que a mulher estiver em trabalho de parto avançado continuarão a ser atendidos independente da restrição, segundo a Secretaria.

Mulheres de todo o DF e Entorno podem optar por ter os filhos na Casa de Parto. Para realizar o parto as mulheres precisam ter uma gestação de baixo risco, pré-natal completo, não ter feito cesárea em outra gestação, não apresentar complicações na gravidez e estar com 37 a 41 semanas.

A Secretaria também ressalta que o parto humanizado não é uma prática exclusiva da Casa de Parto de São Sebastião. O mesmo serviço é também oferecido em todos os hospitais da rede pública, exceto pelo Hospital de Base.

Por Daniella Bazzi

Arte: Camila Campos

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