Sem-teto ocupam hotel de luxo por moradia

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A ocupação do St. Peter Hotel completa três dias nesta quarta-feira (15/9). Mesmo com decisão judicial que determina a restituição de posse, um grupo de 450 famílias do Movimento Resistência Popular (MRP) garante permanecer no local até que cada um seja beneficiado com moradias do Governo do Distrito Federal (GDF). Os sem-teto exigem um imóvel e pleiteiam uma área fixa para se instalarem. Para piorar a situação, o auxílio aluguel de R$ 600 é valido apenas por seis meses e pode ser prorrogado por igual período. Em razão do tempo, famílias já perderam o subsídio do Executivo local. Outras, no entanto, se cadastraram no programa da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab) há pouco tempo e, por isso, ainda não têm acesso a verba.

A desocupação do prédio estava marcada para acontecer na tarde desta terça-feira (15/9), mas o movimento dos integrantes do MRP no interior das instalações de luxo dava sinal de que a invasão deve continuar pelo menos nos próximos dias. O grupo recebeu alimentos, bebidas, água e marmita para o almoço durante toda a manhã e a tarde de terça-feira. A Polícia Militar não confirmou o dia da operação para a retirada dos invasores do edifício, mas garantiu que está com um plano de ação pronto para dar início a desocupação do hotel de propriedade da Alpha Empreendimentos e Administração de Imóveis e de Paulo Cézar Naya, irmão do falecido deputado Sérgio Naya.

Um dos coordenadores do MRP, Edson Silva, criticou a decisão judicial de restituição de posse e afirmou que as famílias devem resistir à reintegração. “Quando é no Lago Sul, demora 30 anos para a retirada dos moradores. A justiça só funciona para o pobre”, lamentou. Para ele, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), não demonstra competência para administrar o DF. “Se o governador não consegue resolver os problemas de 1,2 mil famílias do movimento, como será capaz de resolver os impasses financeiros da cidade?”, questionou.

Os ocupantes reclamaram da falta de diálogo com a gestão pública. “Até agora o governo não tentou conversar seriamente conosco”. Segundo Edson, o governo havia prometido um terreno para as famílias do movimento no Setor O em Ceilândia, mas o espaço não foi cedido. “Eles afirmam que nós não aceitamos uma área ofertada em Ceilândia, mas é mentira. Sempre reivindicamos um espaço e nunca nos ofereceram. Se cederem o local nós desocupamos o hotel”, garantiu.

Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF) se reuniram com os líderes da ocupação no St. Peter Hotel. Para o secretário da comissãio, Hamilton Pereira, os manifestantes precisam ser ouvidos. “Eles estão sem interlocução com o governo e viemos obter informações para tentar um diálogo com o Executivo”, explicou.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar afirmou que a decisão judicial será cumprida nos próximos dias. “Estão sendo feitos os planejamentos necessários para que ninguém fique ferido, em especial as crianças”. A corporação não descarta utilizar o uso progressivo da força.

Por: Lucas Valença

Imagem destaque: Creative Commons

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