Quase 50% da população da cidade utiliza ônibus como meio de transporte
Seis meses depois de entrado em funcionamento, o BRT tem melhorado a vida de brasilienses, mas também gerado dor de cabeça para outros. Moradores de Santa Maria e Gama defendem que o novo sistema diminuiu o tempo de trajeto. Por outro lado, há quem reclame da desativação das linhas diretas e do tempo excessivo para chegar à Rodoviária do Plano Piloto.
42,69% do total de moradores do Gama utilizam ônibus para irem ao trabalho. É o que aponta o recente mapeamento realizado pela Codeplan na cidade-satélite. Inaugurado em 2014, o sistema de transportes do BRT Sul atende por dia mais de 270 mil passageiros, ligando as regiões administrativas do Gama, Park Way e Santa Maria ao Plano Piloto.
Elogios
Morador do Gama, Washington Macêdo, 48 anos, utiliza o serviço diariamente e aprova. “Antes eu pegava ônibus velhos e com goteiras. Agora, pego um veículo novo e não tem congestionamento quando entra na BR. É bem melhor”, afirma. O conforto e tempo de viagem mais curto (cerca de 40 minutos no total) também são lembrados pelos usuários. “Não tenho problemas com o BRT, pelo contrário. A maioria das pessoas já se adaptou ao novo sistema, que deixa o trânsito melhor e diminui a quantidade de coletivos na rodovia”, ressalta a empresária Talita Motta, 32 anos. Ela reside próximo ao terminal do Gama e se desloca três vezes por semana até o Aeroporto de Brasília.
Reclamações
Em contrapartida, a bancária Karina Portela, 29 anos, moradora do Gama, relata que o trajeto até o trabalho, na Asa Sul, ficou complicado. “Tenho que pegar três ônibus para chegar ao trabalho, antes pegava apenas um. É bem complicado”, desabafa. O estudante Lucas Vasconcelos, 19 anos, todos os dias vai do Gama à Asa Norte. Com a implementação do sistema, o tempo para chegar à faculdade aumentou. “Antes demorava 45 minutos, 50 minutos para chegar à Asa Norte. Agora, demoro uma hora, até duas em alguns dias. Os funcionários também não tratam as pessoas como deveria”, conta.
Segundo a Secretaria de Mobilidade, o GDF gasta, em média, R$ 3,5 milhões por mês com o sistema do BRT. Em janeiro, quando passou a pagar à Viação Pioneira pela quantidade de passageiros, e não pelos quilômetros rodados, houve economia de R$ 1 milhão (pagou R$ 3,9 milhões, contra os R$ 4,9 milhões que desembolsaria se o pagamento tivesse sido por quilômetro rodado). Além disso, a pasta informou que o sistema possui 30 quilômetros de vias exclusivas, oferecendo dois tipos de linha: uma expressa e outra paradora. A primeira só faz paradas nos terminais do BRT do Gama, de Santa Maria, do Park Way e no da Rodoviária do Plano Piloto e transita, em grande parte do percurso, pelos corredores exclusivos e, no Plano Piloto, pelo Eixão Sul. A outra linha, que também usa os corredores exclusivos, para ao longo de todo o trajeto. O trecho do Plano Piloto é feito pelos Eixinhos Leste e Oeste da Asa Sul.
Ampliação
Atualmente, o BRT Sul conta com cem ônibus de dois modelos: articulados ou alongados. Esse número, segundo o DFTrans, pode aumentar de acordo com a demanda, conforme o contrato vigente com a Viação Pioneira. Os articulados, que atuam na linha expressa, têm capacidade para 130 passageiros; os alongados, que atendem às linhas paradoras, para 90. O órgão reforçou também que reclamações, sugestões e/ou ocorrências de qualquer caráter devem ser registradas na ouvidoria do DFTrans, por meio do telefone 162. O Governo de Brasília já estuda a extensão do Expresso DF para Luziânia, além da implantação do modelo em outras regiões como o Eixo Oeste, Eixo Sudoeste e o Eixo Norte, que atenderá Sobradinho, Planaltina e Varjão.
O especialista em transporte público, Paulo César Marques, destaca a importância da integração para o sucesso do modelo de transporte. “É preciso que tenha um sistema de forma integrada, o passageiro tem que ter opções. O sistema só vai funcionar quando for totalmente interligado com outros meios de transporte”, explica. Ele salienta ainda que é preciso que haja três tipos de integrações para melhorar o sistema: a física (bilhetagem), a operacional, que trabalha os horários coordenados com as chegadas e saídas dos ônibus, e a institucional, em que as operadoras podem ser diferentes, mas devem trabalhar em conjunto.
Por meio de nota, a Viação Pioneira, empresa responsável pelos veículos, afirmou que os funcionários passam por treinamentos e são avaliados com frequência, sem dar muitos detalhes. Ressaltou ainda que há anos presta serviço à população do DF e tem no respeito ao passageiro um de seus pilares.
Itinerário
Atualmente, sete linhas estão em atividade no DF. São elas: TR 20, saindo do terminal do BRT no Gama para a Rodoviária do Plano Piloto (expressa); TR 21, saindo do terminal do BRT no Gama para a Rodoviária do Plano Piloto; TR 22, saindo do terminal do BRT no Gama para a UnB; TR 23, saindo da Rodoviária Central do Gama para a Rodoviária do Plano Piloto; TR 25, saindo do terminal do BRT em Santa Maria para a Rodoviária do Plano Piloto (expressa); TR 26, saindo do terminal do BRT em Santa Maria para a Rodoviária do Plano Piloto e TR 27, saindo do Terminal Sul de Santa Maria para a Rodoviária do Plano Piloto.
Por Tácido Rodrigues
