Rio 2016: esperança nos saltos ornamentais

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Centro de Excelência inaugurado este ano, em Brasília, atrai atletas de São Paulo e da Paraíba que buscam vaga nas olimpíadas

Os brasilienses Hugo Parisi, Silvana Neitsck e César Castro tornaram-se grandes referências nos saltos ornamentais. No cenário da modalidade, novos talentos podem sair de piscinas na capital do país e saltarem atrás de medalhas. Só que desta vez, eles vieram de outros estados também. Luana Lira, da Paraíba, e Jackson Rondinelli, de São Paulo compõem a seleção brasileira e vieram potencializar os treinos na capital federal atraídos pelo Centro de Excelência inaugurado neste ano na Universidade de Brasília (UnB). “São atletas promissores da nova geração”, nas palavras do técnico Ricardo Moreira. Sem holofotes e a menos de um ano dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, eles podem decidir a participação brasileira nos saltos.

Segundo o treinador, o Brasil já está classificado para quatro finais olímpicas, somente nas provas sincronizadas. De 10 a 13 de dezembro deste ano, acontece a Taça Brasil Open, que é a seletiva nacional para a Copa do Mundo. A competição acontecerá no próprio Centro de Excelência de Brasília. Já o mundial será realizado no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2016, e funcionará como evento teste para as Olimpíadas. Os atletas que têm a intenção de concretizar o sonho olímpico devem buscar as melhores classificações nas piscinas cariocas.

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Centro de Excelência virou referência para o país

O início

Luana Lira, paraibana de João Pessoa, é atleta do Grêmio CIEF e começou no esporte aos 9 anos de idade. Hoje, aos 19, ela conta que sempre teve vocação para práticas desportivas, mas queria mesmo seguir carreira na ginástica olímpica. Até que um professor a observou e resolveu convidá-la para experimentar os saltos ornamentais. A modalidade, então, caiu no gosto da jovem. Ela disputou pequenos torneios e os resultados apareceram até que passou a competir fora do Brasil.

Já o atleta do Esporte Clube Pinheiros, o paulista Jackson Rondinelli, 21, disputou os Jogos Panamericanos (PAN) pela primeira vez este ano, em Toronto (Canadá). O rapaz, que é a atual dupla de Hugo Parisi no salto sincronizado, começou “tarde” no esporte, aos 15 anos. O pai do atleta era professor da Universidade de São Paulo (USP) e inseriu o filho na modalidade em um projeto de férias da universidade, porque Jackson “gostava de fazer piruetas”. A aposta foi certeira, já que um mês depois ele começou a treinar no tradicional Pinheiros.

Expectativas

 

Jackson está em Brasília por períodos de pelo menos um mês com algumas pausas para matar saudades em São Paulo. “Aqui a estrutura é muito boa, comporta atletas de alto rendimento e qualidade, que é o que eu vim buscar”. O rapaz diz que teve as expectativas correspondidas, já que ainda tem o que construir e melhorar para chegar às Olimpíadas. Jackson se revelou admirador do treinador e do colega de treino. “Vim também pelo Ricardo que é um técnico excelente. Ele está com o Hugo há oito anos, o que fez com que crescesse bastante. Então eu também quis agregar isso.”

Luana Lira é paraibana e chegou há um ano em Brasília
Luana Lira é paraibana e chegou há um ano em Brasília

Para Luana, é uma realização: tudo que encontrou aqui alcançou as expectativas. Ela chegou há um ano e revela que está fazendo o que queria – treinar forte todos os dias para conseguir a classificação para as Olimpíadas. “Em João Pessoa, não tinha nada da estrutura que tem aqui. O Centro de Excelência está completo em termos de equipamentos para saltos ornamentais, tanto na piscina quanto no ginásio”, apontou.

Obstáculos

Luana, aos 14 anos, chegou a ficar sem técnico. “Eu e outros atletas chegamos a treinar sozinhos”, relembra. Em seguida, a equipe recebeu o treinador Edmundo Vergara, que ainda está lá. Tempos depois, o clube precisou passar por reformas e a previsão era que a equipe ficaria sem condições de treino por cerca de um ano. “Chegamos a colocar um trampolim numa piscina de natação de apenas 2 metros de profundidade, só para não ficarmos parados. E eu ainda competi nessas condições de treino”. Luana procurou o técnico Ricardo Moreira, de Brasília, que ela conhecia por conta de competições. Nesse momento, ela decidiu vir para a capital.

Cenário

Jackson veio de São Paulo e treina pelo Pinheiros
Jackson veio de São Paulo e treina pelo Pinheiros

Hugo Parisi, 31 anos, atleta do Colégio Mackenzie, foi descoberto em Brasília e deve seguir rumo à quarta Olimpíada da carreira, com mais experiência do que ansiedade.  Tornou-se o primeiro atleta do centro de excelência. O “veterano” considera que os bons resultados na modalidade trazidos por brasilienses como ele, Silvana Neitsck e César Castro, contribuíram para a construção do centro de treinamento na cidade. “Isso tudo deu força para que a cidade seja referência na modalidade”, apontou ele.

De olho no futuro, Parisi destaca que a excelência da estrutura afeta positivamente tanto a preparação olímpica, quanto o desenvolvimento dos atletas mais jovens. “As crianças que começam aqui treinam na mesma estrutura e com os mesmos profissionais que eu, já atleta olímpico, treino. Coisa que eu não tive quando comecei”.

Nunca se teve um cenário tão bom para os saltos ornamentais no país como agora, segundo Parisi. Mesmo assim, na percepção do atleta, quando se observa as grandes potências mundiais e se analisa o trabalho feito, é possível verificar que ainda falta melhorar para o Brasil chegar ao nível deles. “Um bom trabalho vem sendo feito pelos atletas, confederações, comitê olímpico e governos estaduais e federal. No caso dos saltos, há um investimento e nós atletas estamos conseguindo dar retorno”, ressaltou. Para ele, é preciso estender a infraestutura para todo o país. “É preciso criar um molde do centro de excelência e não deixar só em Brasília”.


Estrutura

O pioneiro Centro de Excelência em Saltos Ornamentais está localizado no Centro Olímpico (CO) da Universidade de Brasília e, segundo o Ministério do Esporte, é o resultado de R$ 800 mil em investimentos. O Parque Aquático Professor William Passos, como foi nomeado, agora conta com piscinas olímpica (50 metros) e semiolímpica (25 metros), uma piscina de saltos ornamentais e um ginásio de treinamento no seco.

Os atletas treinam oito horas por dia de segunda a sábado, pela manhã e também à tarde. O treino é mesclado entre água e seco. Esse segundo (fora das piscinas) foca em fortalecimento físico, flexibilidade, musculação, exercícios de explosão e potência, além de preparação dos saltos (mortais). Foram contratados 11 profissionais para a equipe multidisciplinar, que inclui especialidades como nutricionista, psicóloga, fisioterapeuta e treinador.

De acordo com o técnico Ricardo Moreira, neste centro de treinamento, o atleta pode treinar mais em menos tempo, sem fator de risco, e evoluir muito mais rápido na parte técnica, principalmente. “O treinamento no seco é muito diferenciado. Temos até sistema de vídeo. Apesar de ser um esporte aquático, cerca de 70% do treinamento é feito fora da água, principalmente nas idades iniciais. Os atletas de alto nível podem desenvolver técnicas mais apuradas e preparar saltos mais elaborados”.

Por Ana Luiza Campos

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