Escritores de Brasília encontraram na associação de grupos e artistas, conhecidos como coletivos, caminhos para publicar os livros. Os produtores de arte, como fotógrafos, pintores e videografistas, também, se apoiam com composições para a integralização de uma obra final. Dessa forma, combatem a dificuldade enfrentada ao se ter uma produção artística independente na cidade.
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É o caso de Marlus Alvarenga, de 28 anos, escritor formado em letras português e com especialização em literatura comparada, técnicas de construção textual, envolvimento com filosofia francesa e estética literária. Alvarenga já publicou textos em coletâneas como os 50 melhores poetas dos 50 anos da cidade – programa realizado pelo SESC e pela Rede Globo – e duas vezes consecutivas na coletânea da editora Nautilus, chamada revista Bacanau que é um coletivo exclusivo de brasília.
Para o escritor, o processo de publicação de obras nunca é um processo fácil. Quando se trata de uma literatura de entretenimento, é mais fácil juntar um grupo de escritores e publicar por coletivos de artistas selecionados por meio de editais ou uma movimentação em conjunto de compositores. Por outro lado, ele reforça que “os coletivos colocam as pessoas no início da literatura.”.
Já o estudante de publicidade e escritor João Pedro Doederlein, de 19 anos, usa a página no facebook como maior meio de divulgação. Em seus posts existe uma forte associação com a fotografia artística produzida por seus parceiros que são usadas para ilustrar seus textos. Além disso, Doederlein libera o espaço em sua página para a publicação de poetas amigos, trabalhando, de certa forma, em coletividade.
Movimento literário
Os saraus poéticos que ocorrem nas regiões administrativas têm sido uma forte prática não só literária como artística e cultural, segundo a professora de português da escola Pompílio Marques, Yvone Robine Lira. Ela cita como exemplo, o sarau Tribo das artes que acontece em taguatinga e um sarau que tem dado seus primeiros passos na criação da casa de cultura Carlos Marighella na comunidade Mestre d’Armas, em Planaltina.
A professora também acredita que a Universidade de Brasília é “um campo muito fértil de criação poética e artística”, principalmente pelo fato de existir um alto grau de liberdade para os alunos criarem o que bem entendem por arte. A aluna de letras Isadora Carvalho, confirma a importância de palestras e seminários de literatura aos quais somos convidados a presenciar e cursos que somos convidados a participar”.
A literatura brasiliense “foge da identidade”, segundo o escritor Marlus, citado no início da matéria. Para ele, a literatura vigente na capital não tem características próprias, pois o patrocínio e composição são focados em modelos já existentes, havendo uma continuação de tendências. Em oposição a ele, o escritor Doederlein acredita que existe um movimento surgindo das produções coletivas de zines e produções artísticas mescladas, mas que ainda não foi consolidado e, por isso, não pode-se dizer que existe um movimento vigente no atual momento da literatura brasiliense.
Por Bruno Santa Rita