Os defensores ao reajuste do judiciário, proposta vetada pela presidente Dilma Rousseff, assustaram o Palácio do Planalto na madrugada desta terça-feira (17), mas saíram derrotados em votação apertada no Congresso Nacional. Com a manutenção do veto por apenas 6 votos (placar no final apontava 132 a favor do veto e 251 contra), era perceptível a agonia da bancada governista retratada pelo “corre-corre” do deputado federal Sílvio Costa (PSC-PE), vice-líder do governo na Câmara. Após o resultado da votação, a bancada respirou aliviada, o que reafirma a fragilidade do governo no Congresso Nacional. O governo calculava um impacto no orçamento de R$ 36,2 bilhões nos próximos quatro anos.
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Centenas de servidores do judiciário pressionavam os parlamentares no salão verde (Câmara Federal). Como a votação dos vetos presidenciais são feitas pela junção das duas casas legislativas, os senadores tiveram de passar por uma espécie de “corredor polonês”, formado pelos manifestantes, até o acesso ao plenário da Câmara. Inúmeros senadores sentiram-se desconfortáveis com a situação e ameaçaram a retirada do apoio à causa.
A pressão foi grande. Lobistas circulavam por dentro do plenário atrás de convencer os últimos parlamentares indecisos. Com uma votação inferior ao número de presentes, a oposição, que apoiou a derrubada do veto presidencial, não alcançou os 257 votos necessários. Um dos dirigentes do movimento calculava 296, mas ao total foram 251.
Com a galeria cheia, os manifestantes passaram a cantar músicas contra os parlamentares e chegaram a atirar um objeto no presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros, mas que não chegou a atingi-lo. Os trabalhos pararam por 10 minutos com a manifestação contínua dos servidores, que foram pressionados pela polícia legislativa a se acalmarem. Toda a pressão não deu certo.
Por Lucas Valença