DE BUENOS AIRES – Passado pouco mais de um mês da prisão da dirigente da Organização Indigenista Tupac Amaru, Milagro Sala, que é parlamentar do Parlasul, ativistas estão convictos de que a ação não teve base legal. “A prisão de Milagro representa o desejo de disciplinar os movimentos populares e criminalizar os protestos sociais. É uma questão política. Milagro é uma presa política”, afirma Rosário Dessen, coordenadora nacional dos programas terciários do Instituto Superior Tupac Amaru.
A detenção de Milagro Sala foi autorizada no dia 16 de janeiro baseado na denúncia realizada pelo governador da província de Jujuy, Gerardo Morales, do partido União Cívica Radical. Segundo Rosário, a ação se deu em resposta à mobilização da liderança indígena contra o governo. As lideranças da Organização Tupac Amaru, da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) e a Conferência de Trabalhadores da Economia Popular (Cetep) mobilizaram os líderes sociais para protestos em todo o país. Para o próximo dia 24, convocaram as lideranças a se reunirem na Praça de Maio, em frente a Casa Rosada, sede do governo.
A prisão teria ocorrido depois que Milagro Sala havia convocado as organizações sociais a ocuparem a praça da sede governamental, após Morales suspendeu temporariamente a legitimidade de 16 cooperativas. Esta decisão faria com que as ONGs perdessem a chance de se inscrever em programas sociais do governo, além de terem fechadas suas contas bancárias. “Após se eleger, o governador Gerardo Morales, aliado do presidente Maurício Macri, ameaçou cortar os fundos das cooperativas, como a Tupac Amaru. Com esse dinheiro temos financiado projetos de casa própria e urbanização de bairros há quase uma década”, esclarece Rosário.
Prisão de Milagro
“Não tem nenhuma causa judicial legal para que Milagro esteja presa. O que o governo está deixando claro a qualquer grupo organizado que queira protestar é que irá tomar medidas, dispor de todos os recursos, para reprimir os movimentos do povo”, comenta Rosário Dessen. “Tanto Macri e o seu governo nacional, quanto Morales na província de Jujuy, querem construir os movimentos sociais como grupos perigosos e assim legitimar a desaparição ou criminalização desses, como se há feito historicamente neste país com os povos originários, com os imigrantes, com os subversivos”.
Rosário entende que o momento da Argentina faz parte do processo histórico, inclusive do surgimento dos movimentos sociais, a predominância de políticas neoliberais presentes no país entre os anos 70 e 90, para exemplificar o que representa a política iniciada por Maurício Macri.
“Os movimentos sociais surgem em nosso país como uma resposta organizada para as implementações das políticas neoliberais que se iniciaram com o golpe de estado em 1976. A partir de ferramentas pontuais, como os protestos sociais, reclamava-se de um estado que não recebia o povo ou que recebia e não os dava nenhum tipo de respostas”, memora a militante. “O governo de Macri, que tem claramente marketing e lideranças empresariais, repete este jeito de governar. Sempre aparece com um sorriso, toando que está tudo bem. Nas eleições se venderam como a Revolução da Alegria, porém, não definem nada, assim como faziam os líderes dos anos 70”.
Início do Governo de Mauricio Macri
“O que a argentina passa com Macri não é diferente do que está se passando na América Latina. O que vivenciamos tem a ver com o avanço de uma direita, que pelos campos midiáticos e pelo campo jurídico, se mobilizam para um novo projeto de governo”, esclarece. “Se pretende um projeto de direita que necessita, para favorecer as alianças políticas, mudar as prioridades. Por exemplo, em vez de fortalecer o Mercosul, se alia com todas as organizações econômicas mais concentradas, onde pontualmente o tema do imperialismo norteia, como os Estados Unidos”.
“A prisão de Milagro representa o desejo de disciplinar os movimentos populares e criminalizar os protestos sociais. É uma questão política. Milagro é uma presa política”, afirma Rosário Dessen, coordenadora nacional dos programas terciários do Instituto Superior Tupac Amaru. A detenção de Sala foi autorizada no dia 16 de janeiro baseado na denúncia realizada pelo governador da província de Jujuy, Gerardo Morales, do partido União Cívica Radical. Segundo Rosário, a ação se deu em resposta à mobilização da liderança indígena contra o governo.
Milagro Sala, dirigente da Organização Indigenista Tupac Amaru e parlamentar do Parlasul, convocou as organizações sociais a ocuparem a praça da sede governamental, após Morales suspendeu temporariamente a legitimidade de 16 cooperativas. Esta decisão faria com que as ONGs perdessem a chance de se inscrever em programas sociais do governo, além de terem fechadas suas contas bancárias. “Após se eleger, o governador Gerardo Morales, aliado do presidente Maurício Macri, ameaçou cortar os fundos das cooperativas, como a Tupac Amaru. Com esse dinheiro temos financiado projetos de casa própria e urbanização de bairros há quase uma década”, esclarece Rosário.
Confira o vídeo da prisão Milagro Sala:
Por Guilherme Cavalli, de Buenos Aires – Argentina
