A conquista do lugar da mulher na sociedade ainda não é uma batalha vencida. Hoje, elas podem ocupar cargos que eram prioritariamente de homens, mas não é a representação de uma sociedade igualitária. A luta diária através do trabalho informal em espaços público é uma das formas encontrada para diminuir os desafios dessa desigualdade e continuar a batalha por maior representação na sociedade.
Pipoca
Com ensino médio completo, Lenilda Vidalga, 34 anos, trabalhou desde 2008 como camareira e foi demitida há nove meses. Para sustentar os dois filhos pequenos, a moradora de Samambaia começou a vender pipoca e refrigerantes na Rodoviária do Plano Piloto, mas afirma que não está fácil. “É muito complicado sustentar os dois filhos. O trabalho aqui é mais instável. Chego às 10 horas da manhã e saio às 18h. A renda nunca é a mesma”.
Ela conta que a maior motivação para trabalhar é lembrar dos filhos e da necessidade de sustentá-los, mas explica que o trabalho informal é por falta de opção. “A gente está aqui pela necessidade de trabalhar. Se tivéssemos uma oportunidade fora, nós não estaríamos nessa situação”, justifica.
Sem filhos, mas com dois sobrinhos no Recife (PE) , Rosilane Melo, de 45 anos, trabalha para ajudar nos custos das crianças, que atualmente moram com a avó. “Eu ajudo os meus dois sobrinhos porque meu irmão faleceu. Eu dou uma força todo mês”, relembra.
A venda de guarda-chuva é o ganha-pão dela, mas durante os 20 anos de trabalho sendo ambulante, a moça se considera realizada. “Mesmo com todas as dificuldades, que são muitas, sempre sobra um pouco para ser feliz”.
Dezenas de cocadas são vendidas por dia pela Kely Abadia, de 28 anos, que desde o ano de 2006 trabalha como ambulante. De segunda a sábado, a moradora de Santa Maria tem de ficar uma hora e meia no ônibus para chegar ao Eixo Monumental, o ponto de venda.
A comerciante luta diariamente para ajudar nos custos da casa e sustentar os três filhos. A renda extra é fundamental. “Tirando os problemas do dia a dia que a gente passa, a vida está ótima. O bom é chegar ao fim do dia e poder descansar com a satisfação de um trabalho concluído”.
Por Lucas Valença e Arthur Menescal
Colaboraram Daniella Bazzi e Vinícius Brandão