Diversos movimentos populares e até crianças saíram às ruas na tarde desta quinta-feira (31), contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Entre os manifestantes, haviam pessoas em defesa da democracia, mesmo sem concordar com o atual governo. O dia coincide com o 52° aniversário do golpe militar de 1964. Figuras públicas marcaram presença, mas poucos discursaram nos trios elétricos. O movimento ocorreu de forma pacífica e reuniu cerca de 200 mil pessoas, segundo os organizadores e 50 mil pessoas, para a Polícia Militar.
Tratado como golpe pelos manifestantes, o processo de impeachment foi criticado. O professor Marconi, filiado ao sindicato da categoria de Pernambuco, critica a abertura do processo. “Como se encaminha um processo de impeachment, um cidadão (Eduardo Cunha) que está respondendo nove processos e não pode por o pé na Suiça”.
Ele conta o motivo pelo qual viajou, juntamente com um grupo de professores, à Brasília. “Vinhemos aqui para defender o Brasil de um golpe. Defender a tradição de pernambuco nas lutas contra os invasores e usurpadores de direitos que, de fato, nós brasileiros temos”. Ele não se incomodou com a distância ao defender seus ideais. “É preciso defender o direito grego de governo do povo, pelo povo e para o povo”.
Para o professor, o fascismo estaria a tomar conta do noticiário juntamente com o PMDB que estaria à frente das inconformidades das elites pelos avanços sociais dos últimos anos. “A elite hoje se incomoda, porque a senzala aprendeu a ler, os filhos dessa senzala estão ocupando cadeiras nas universidades e isso incomoda demais”.
A comunidade LGBT se beneficiou com os avanços sociais dos últimos anos, é o que conta Edmar Sierota. “O movimento LGBT, conquistou muitas coisas nos últimos 10 anos, devemos muito ao ex-presidente Lula, que foi o primeiro presidente a chamar a comunidade para uma conferência nacional”. Sierota afirma que a realidade política atual ameaça a democracia do país. “O golpe representa a perda dos direitos que conseguimos até agora, principalmente dos grupos de minorias LGBT”.
Políticos de diversos partidos marcaram presença no movimento. Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o impeachment da presidente Dilma Rousseff como está posto, é um golpe. “A sociedade está aqui resistindo a um impeachment, que na verdade é um golpe, pois não há base constitucional sem crime de responsabilidade”. Na tarde desta quinta-feira (31), a Polícia Federal indiciou a senadora por corrupção passiva.
Segundo a deputada Erika Kokay (PT-DF), a manifestação foi uma demonstração de força da democracia. “Há milhares de pessoas que estão aqui na esplanada (dos ministérios) dizendo que a democracia custou muito caro e que não podemos permitir que ela seja pisoteada”. Como grande parte dos manifestantes, a deputada se posicionou contra o impeachment.
Por: Lucas Valença