A jornalista Belisa Ribeiro lançou, nesta semana, em Brasília o livro “Jornal do Brasil: história e memória”, sobre o tradicional veículo de comunicação que deixou de circular na versão impressa em 2010 após 119 anos de história. A profissional contou como foi o processo de apuração para a obra em uma palestra nesta quarta-feira (6).
Confira breve entrevista que a jornalista concedeu antes de participar do Programa Estúdio UniCEUB (assista íntegra do material nesta quinta, 7). Na entrevista abaixo, Belisa explica como tem visto as influências do jornalismo on-line para a mídia tradicional.
“O futuro do jornalismo impresso não é muito bom não”, lamentou Belisa Ribeiro. Para ela, as estatísticas não mentem, já que grande parte da população deixou de comprar e de assinar o jornal tradicional. Segundo ela entende, as pessoas estão realmente deixando de ler os jornais.
A jornalista relembrou as mudanças que o jornal O Globo fez , deixando-o mais parecido com o webjornalismo, como por exemplo colocar repórteres para serem multifuncionais (editar, filmar, fotografar) e editores para chegar mais cedo. Belisa acredita que aproximação do trabalho jornalístico praticado no meio impresso do online é um erro. Na opinião dela, para o jornal impresso sobreviver, ele deve ser diferente. Não tem como competir com a instantaneidade da rede e tampouco com seus recursos.
Dessa forma, a jornalista sugere que uma saída viável consiste em dar maior destaque para a narrativa dentro de jornais impressos. “Ele tem de ser um cineminhas das coisas, um aprofundamento. Se forem te contar o que você já viu 12, 18 horas antes, você não vai comprar”, concluiu.
“Eu queria mudar o mundo”, disse a jornalista quando relembrou o início da carreira. Classificando a profissão como “muito romântica naquela época”, Belisa sente falta da emoção no jornal hoje em dia. Porém, mesmo com o corte de profissionais experientes nas redações e com o imediatismo das informações que o mundo atual exige, o jornalismo investigativo continua firme e forte. Nas palavras da palestrante, a imprensa é o quarto poder do Estado e cabe a ela influir a sociedade e fiscalizar o governo.
Belisa compartilhou com a plateia que o jornalista investigativo precisa de disponibilidade e de vontade para fazer um bom trabalho, independente do assunto que será abordado na reportagem de investigação. “O jornalismo investigativo acontece também na vida do dia a dia da cidade e do país”, afirmou.
Por Fernanda Roza (texto) e Jade Abreu (entrevista em vídeo)