Corrupção, crise, manifestações. À beira de um impeachment, o Brasil está dividido. A polarização prejudica o debate, na visão do historiador e antropólogo Fred Tomé. “O que me chama atenção nos dias atuais é o ódio. As pessoas estão contaminadas e cegadas pelo ódio e sendo levadas a uma histeria coletiva”. O doutor em sociologia Rogério Giugliano também critica os rumos do debate político no Brasil. “Estamos passando por um momento de extrema pobreza do debate político e democrático. Nós somos pobres de democracia, nós somos pobres dos ideais democráticos”. O ciclo de palestras Viva a Democracia teve participação de Tomé, Giugliano e a integrante do movimento estudantil Jady Caffaro na última quinta-feira (07), no UniCEUB.
“Gostemos dos nossos inimigos. A partir do momento que a gente diz preferir que nossos inimigos estejam mortos, a nossa jovem cultura democrática pode ruir”, opinou Giugliano. Jady Caffaro reforça a fala do sociólogo. Para ela, a discussão deve ir além de defender a esquerda ou a direita. “A gente tem que se questionar até onde a nossa participação política não é só um discurso em relação a golpe, mas em relação a uma construção social e uma desconstrução de privilégios”.
O combate à pobreza foi um dos temas abordados na conversa. Rogério Giugliano mostrou sua visão otimista em relação às políticas públicas adotadas no Brasil para combater a miséria. “Tem sido muito comum ouvir que nada presta e que no Brasil tudo é ruim. Nós precisamos ter calma e olhar para as coisas positivas. O Banco Mundial afirma que a política de combate à pobreza que aconteceu nos últimos dez anos no Brasil é um exemplo para o mundo. A gente não precisa ser dessa ou daquela facção para olhar para esse dado e ficar feliz por essas pessoas terem saído da pobreza”.
Por Bruna Maury
Fotos por Úrsula Diesel