O professor de Comunicação Luiz Martins Silva criticou a cobertura do momento político no Brasil. “É curioso que enquanto a imprensa nacional tenta dizer que não há um golpe, a imprensa estrangeira, apressadamente, diz que há um golpe em andamento no Brasil”. Mas Martins, que também é idealizador do projeto SOS Imprensa (na Universidade de Brasília), disse que a imprensa brasileira não chega a ser “grotesca”, como definiu o jornalista Francisco Julio Xavier no Observatório da Imprensa. “Grotesca é um pouco de exagero, uma vez que a comunicação do grotesco está mais para o escabroso, o sensacionalista, uma imprensa marrom. Eu não diria que nós chegamos a esse ponto, na cobertura política, de ser uma imprensa marrom. Mas temos muitos tons de cinza”, destacou.
Em entrevista ao jornalista Henrique Moreira para o programa Estúdio UniCEUB, o professor condenou as hostilizações aos jornalistas nas recentes manifestações. “Se você tem liberdade até para jogar pedra, por que o outro não tem liberdade para dizer o que pensa? A receita está na liberdade, não em você apedrejar os jornalistas. Por isso talvez o Brasil tenha caído tanto no ranking da liberdade de imprensa”.
Luiz Martins recentemente lançou o livro “O jornalismo como teoria democrática”. Na entrevista, ressaltou a importância da imparcialidade na imprensa. Para ele, o jornalismo atual produz opiniões prontas para o cidadão. “O papel fundamental da imprensa é fornecer dados para que o cidadão construa por conta própria o seu esclarecimento. Se você já dá para a população uma razão tutelada, você está humilhando o cidadão. Você está, inclusive, dizendo para ele que ele é incapaz de fazer uso da razão independente”. E finaliza na tentativa de prever o futuro da comunicação: “eu me arrisco a dizer que, no futuro, a imprensa vai buscar sustentabilidade na sociedade”.
Confira a íntegra da entrevista:
Por Bruna Maury