Os gritos ainda ecoam como um pesadelo. As cicatrizes, principalmente as não visíveis na pele, estão aparentes. São como sangue pisado, terra na boca e barulho da ferramenta. Comer… “seja rápido”. Dormir… “acorda logo”. Descansar… “não seja preguiçoso”. Saudades…”deixa de frescura”. Os dias demoram em negativas habituais. O anoitecer não significa esperança. O sono não vêm, mesmo com o corpo cansado. Em um piscar de olhos, o sol estava para nascer em uma fazenda em Planaltina (DF), a 30 km de Brasília. Eram cinco da manhã e 34 trabalhadores se alimentavam com um pequeno copo de café e um simples pão francês. A jornada de trabalho durava, ao todo, 12 horas e era preciso se alimentar bem, mas o almoço ainda demoraria pelo menos mais sete horas. É proibido sair até para descansar. Banheiro era o mato. Eram sempre vigiados pelo “carrasco”, apelido dado pelos trabalhadores da fazenda ao vigia que coordenava a colheita aos berros. Uma rotina de segunda a segunda, sem descanso, que não é uma descrição de um cenário do século 19, em meio ao regime da escravidão. Esse relato faz parte das lembranças de trabalhadores explorados em 2014 que tentam retomar a vida após estarem livres.
A equipe da Agência de Notícias UniCEUB relatou a jornada de trabalhadores que sofreram trabalho escravo moderno e continuaram no sofrimento após a liberdade.. Clique no link abaixo e confira na íntegra da matéria.
Livres da escravidão, reféns das dificuldades