Cerca de três mil pessoas participaram, neste domingo, de uma marcha pela Esplanada dos Ministérios para protestar contra o estupro coletivo no Rio de Janeiro contra uma adolescente de 16 anos. A caminhada chegou no Supremo Tribunal Federal (STF) e foram jogadas flores sobre a estátua que simboliza a justiça. Algumas mulheres passaram do alambrado e foram recebidas com gás de pimenta e agressões policiais. Após a segurança não conseguir conter a expressão feminina, foi liberado o cerco ao local.
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Para a publicitária Silvana Ferreira, 60 anos, a agressão no Rio de Janeiro foi uma covardia. “A mulher é dona do próprio corpo, ela faz o que ela quiser. Não é porque a mulher está de short curto ou no baile funk, que dá o direito ao homem de fazer chacota ou até agredi-la”. Outra pauta da manifestação foi a crítica à tentativa de retroceder nos avanços já conquistados. “Os movimentos têm de ficar alertas porque as leis que estão saindo do Congresso são muito retrógradas e aliadas com o executivo”.
Membro e militante da comunidade LGBT, o arquiteto Luíz Sarmento lamenta o intuito, por meio de setores da sociedade, de tentar rebaixar o papel mulher. “O corpo da mulher é dela e ela tem toda a liberdade de se vestir da maneira que quiser. Os homens sempre andaram da forma que quiseram, então porque a mulher precisa ser ‘recatada e do lar’?”.
“Mulheres no subsolo”
A deputada federal Erika Kokay,, presente na manifestação, acredita na força feminina e ressalta que o corpo pertence à mulher. “Nós não somos coisas, nós somos pessoas e queremos poder, não o poder contra os homens, mas o poder de sermos nós mesmas e poder vestir aquilo que a gente quiser”. Ela responsabiliza o governo Temer de tirar direitos adquiridos e colocar as mulheres no “subsolo” da esplanada dos ministérios. “O Governo Temer é responsável por uma violência que se institucionaliza e que se torna natural e normal. Nós estamos aqui para deixar a marca das mulheres, com sua coragem e sua humanidade”.
Por Lucas Valença e Aline do Valle
Imagem: Agência Brasil
